Edmundo González revela pressão para assinatura de carta em Venezuela; advogado denuncia coação

As revelações sobre a assinatura da carta por Edmundo González levantam questões sobre a legitimidade do processo eleitoral na Venezuela.

Edmundo González, ex-candidato presidencial da Venezuela | Federico Parra/AFP
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O advogado de Edmundo González, ex-candidato presidencial da Venezuela, José Vicente Haro, afirmou nesta quinta-feira (19) que seu cliente foi informado por membros do governo de Nicolás Maduro que a assinatura de uma carta que acatava a sentença do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) era um “segredo de Estado”. 

Em entrevista à CNN, Haro detalhou que a reunião para a assinatura da carta ocorreu na residência do embaixador espanhol em Caracas, onde González estava asilado. Durante essa reunião, tanto o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, quanto a vice-presidente, Delcy Rodríguez, impediram a presença do advogado e da defesa de González. 

Haro destacou: “O senhor Edmundo foi advertido de que seriam documentos classificados, considerados confidenciais, inclusive segredo de Estado”, garantiu o advogado à reportagem. Ele também afirmou que, se estivesse presente, não teria permitido que seu cliente assinasse sob pressão.

ACUSAÇÕES DE COAÇÃO

Haro, que anteriormente negou a existência de qualquer documento que permitisse a saída de González da Venezuela, afirmou que soube da assinatura somente após a divulgação da informação nas redes sociais e na coletiva de imprensa de Jorge Rodríguez. "Se eu estivesse aí não teria consentido de modo o que estavam obrigando o senhor Edmundo a assinar sob pressão e coação, e teria atuado”, afirmou à CNN.

Na carta, dirigida a Rodríguez, González expressa sua discordância em relação à sentença que ratificou a suposta vitória de Maduro nas eleições de 28 de julho, mas afirma que a acata: “Sempre estive e continuarei disposto a reconhecer e acatar as decisões adotadas pelos órgãos de justiça no contexto da Constituição, incluindo a precipitada sentença da Sala Eleitoral, com a qual não concordo, mas acato, por se tratar de uma resolução do máximo tribunal da República”, diz o documento.

Além disso, González enfatizou que não pretende exercer qualquer representação dos poderes públicos do Estado venezuelano fora do país.

REAÇÕES

Após a divulgação da carta, González gravou um vídeo onde afirma ter assinado sob coação, descrevendo a situação como “horas tensas de chantagem e pressão”. Ele reafirmou seu compromisso como “presidente eleito” da Venezuela, assegurando que não trairá os milhões de venezuelanos que votaram nele. Segundo Haro, o asilo de González deve ser formalizado pelo governo espanhol em breve.

Por outro lado, Jorge Rodríguez negou as acusações de coação e desafiou González a desmentir suas declarações em 24 horas, prometendo revelar gravações de suas conversas pessoais se isso não acontecer.

Com informações da CNN

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