Justiça venezuelana acata pedido de prisão de Edmundo González

O ex-diplomata afirma ter conquistado a vitória de forma legítima na eleição de julho, na qual o presidente Nicolás Maduro foi anunciado como vencedor, apesar das alegações de fraude.

Ministério Público da Venezuela solicitou prisão de Edmundo González | Reprodução/Redes sociais
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A Justiça venezuelana acatou, nesta segunda-feira (2), uma solicitação do Ministério Público para emitir um mandado de prisão contra o opositor Edmundo González Urrutia. Ele é acusado de cinco crimes pelo órgão vinculado ao chavismo, após não comparecer a três intimações para depor. O ex-diplomata sustenta ter vencido de forma legítima as eleições presidenciais de 28 de julho, nas quais Nicolás Maduro foi declarado vencedor, apesar das acusações de fraude.

O QUE ACONTECEU

O mandado de prisão, assinado pelo juiz Edward Briceño, determina que o diretor da Divisão de Captura do Corpo de Investigações Científicas, Criminais e Criminalísticas execute a ordem. O texto especifica que, uma vez detido, González deve ser entregue ao Ministério Público dentro de 48 horas para uma audiência.

González enfrenta acusações que incluem usurpação de funções, falsificação de documentos públicos, instigação à desobediência, conspiração, sabotagem e associação. O promotor Luis Ernesto Dueñez, da 58ª Promotoria Nacional, apresentou o pedido de prisão ao Primeiro Tribunal Especial de Primeira Instância, responsável por casos de terrorismo.

INTIMAÇÕES

As intimações estavam relacionadas ao site da oposição, liderada por María Corina Machado, que divulgou cópias de atas eleitorais que, segundo afirmam, comprovam a vitória de González sobre Maduro. O governo considera essas atas como "forjadas". O Centro Carter, um dos poucos observadores internacionais, afirmou que as atas são "consistentes" e que González venceu de forma clara e com uma margem significativa.

María Corina Machado reagiu ao mandado de prisão, acusando o governo de "perder a noção da realidade" e dizendo que isso só fortaleceria o apoio a González. Ela expressou que o governo está apenas unindo mais os venezuelanos em torno do opositor.

González, que está foragido há quase um mês, é também responsabilizado pelo procurador-geral Tarek William Saab, junto com María Corina, por incitar protestos contra a reeleição de Maduro, resultando em mortes e detenções.

O Ministério Público havia aberto uma investigação em 5 de agosto, acusando González e María Corina de "instigação à insurreição" após eles pedirem às Forças Armadas que cessassem a repressão aos protestos.

As intimações não especificam se González é convocado como acusado, testemunha ou perito, apenas solicitam uma entrevista sobre os crimes investigados. González criticou a falta de clareza, alegando que o Ministério Público está conduzindo uma perseguição política.

Na mesma manhã, os Estados Unidos apreenderam um avião de Maduro durante uma manutenção na República Dominicana, como uma medida contra o governo venezuelano. Maduro foi reeleito para um terceiro mandato pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), sem a divulgação detalhada dos votos, o que foi confirmado pelo Supremo Tribunal de Justiça (TSJ). No entanto, a legitimidade da eleição não foi reconhecida por diversos países e organismos internacionais.

Durante um discurso no Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv), Maduro afirmou que só passará a Presidência para outro "presidente chavista" e pediu uma "revolução dentro da revolução" para os próximos anos.

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