A Justiça italiana afirmou ter aberto uma investigação nesta quinta-feira (25) sobre o espancamento de uma brasileira identificada como Bruna, de 41 anos, por policiais municipais, na cidade de Milão. O Ministério Público de Milão abriu um processo por lesões agravadas e por abuso de função pública, para investigar os quatro policiais que foram responsáveis pelas agressões cometidas contra a brasileira.
Testemunhas, policiais envolvidos e a vítima devem ser ouvidos e também serão recolhidas imagens das câmeras de segurança da região que flagraram o ocorrido, além de vídeos gravados por moradores do bairro onde ocorreu a abordagem. Atualmente, a investigação é baseada no relatório feito pela polícia local, segundo a imprensa italiana.
Baseado na reforma judicial Cartabia, a vítima tem até 90 dias para poder apresentar a denúncia, caso contrário, a investigação será fechada com uma declaração de improcedência. A vítima, em relato, afirma: "me senti tratada como um cão”. De acordo com a imprensa italiana, a brasileira em questão é uma mulher trans, conhecida como Bruna. É natural de Fortaleza e mora em Milão há 29 anos, em entrevista ao jornal Corriere della Sera, ela nega a versão da polícia.
Daniele Vincini, presidente do Sindicato Unitário dos Policiais Locais informou que os agentes foram acionados para atender uma denúncia de que a brasileira supostamente estaria importunando crianças. "Ela começou a dar cabeçadas e fingiu desmaiar. Quando os agentes fizeram a abordagem, ela os atacou para tentar fugir. O que vocês estão vendo é a última parte do vídeo", comentou Vincini.
Bruna negou que tivesse tirado a roupa na rua, mas admitiu que estivesse alterada. "Sou um tipo muito agitado, bebi na noite anterior e tinha fumado um baseado. Mas, não fiz nada de mal para ninguém, não agredi ninguém", afirmou. A vítima relatou que estava sentada e levantou os braços pedindo para os policiais não a agredirem.
"Ao invés disso, deram golpes na minha cabeça, do lado, na minha cabeça de novo. Me senti tratada como um cão. Pedi para não me baterem, só a mulher agente foi gentil comigo", conta.“Tinha medo que eles me batessem mais. Me escondi atrás de um canteiro de flores, mas eles me acharam. É uma história feia, tenho medo que me aconteça alguma coisa se falar”, completa.
A brasileira foi agredida por policiais de Milão, em via pública, ontem, quarta-feira (24), próximo a uma escola primária, os vídeos mostram os policiais batendo na mulher desarmada e já no chão, com cassetetes e borrifando spray de pimenta em seu rosto. Após as inúmeras agressões, a mulher foi algemada com o rosto no asfalto.