Mais de 1000 frangos foram encontrados mortos, em um aviário do Complexo Agroindustrial de Brasiléia, interior do Acre. De acordo com o produtor Rosildo Freitas, ao longo de toda semana foi constatado as mortes devido às altas temperaturas registradas no estado.
Freitas e seu cunhado identificaram que o intenso calor na região foi o fator determinante para as mortes, uma vez que as instalações carecem de exaustores. Em entrevista ao G1, o produtor mencionou que a temperatura no aviário atingiu até 42ºC.
Apenas neste sábado (11), ocorreram mais 90 óbitos entre os animais, totalizando a perda de 1.070 frangos, representando cerca de 70% da criação. Ao longo desta semana, a média diária de perdas tem sido de aproximadamente 178 aves.
O produtor destaca a delicada situação, uma vez que a criação de aves é sua única fonte de renda, sendo que a criação de peixes, que poderia ser uma alternativa, também é prejudicada pelas altas temperaturas.
“Não tem jeito, porque ontem [sexta-feira, 10] chegou a 42ºC. O meu cliente já praticamente perdeu o lote todo. Tem uma quantidade que a gente pode perder e sobrar alguma coisa, mas já passou disso. Do nosso lote, vai chegar só 30%, o resto já foi embora. Tanto a instalação quanto a alimentação, é um investimento de uns R$ 10 mil, porque além de perder o trabalho, tem a energia, é muito caro, tem a mão de obra, que a gente continua pagando. E, para nós, só tem isso de renda, porque o peixe não come com esse tempo quente, o peixe não cresce. Então, nós estamos em uma situação bem delicada”, contou.
O Complexo Agroindustrial de Brasiléia foi estabelecido sob a gestão do modelo Público-Privado-Comunitário (PPC). Conforme dados do governo estadual em 2021, o complexo, que abriga as empresas Acre Aves e Dom Porquito, proporciona aproximadamente 750 empregos diretos e apoia mais de cem produtores de animais da região. Diariamente, o local realiza o abate de uma média de 250 suínos e 15 mil aves.
Freitas acrescenta que não recorda de ocorrerem tantas mortes devido ao calor nos anos anteriores no local. Ele observa que as temperaturas no município têm oscilado entre 38ºC e 40ºC, destacando que a partir de 26ºC a produção pode começar a enfrentar problemas. O produtor ressalta ainda que, mesmo durante a noite, as temperaturas não têm apresentado alívio
“Nós estamos há 13, 14 anos criando frango, e a gente nunca teve um fenômeno como esse. Ainda são aqueles aviários convencionais, não é aquele aviário que tem espiral, os ventiladores são normais, mas o vento já é quente. Quando a gente entra no aviário, você já sente aquele ar quente. E nós vamos tirar, talvez, uns 10% a 15% nesta segunda-feira (13). Até à noite eles estão morrendo. Até à noite, que a gente acha que vai esfriar, eles estão morrendo. É uma tristeza, é uma tristeza você olhar aqui e ver um negócio desse, é desesperador”, disse.
O produtor menciona que outros criadores na área também têm documentado prejuízos em suas criações de aves e destaca a expectativa de receberem apoio das autoridades públicas.
“A gente espera algum apoio, estado, prefeitura, governo federal. O estado decretou emergência por conta da seca, então, a situação não é só a minha. É de todos os criadores de frango que criam em aviário convencional. Até a empresa tem dificuldades para trabalhar, porque tem as despesas dela”, finaliza.