Narges Mohammadi, a renomada ativista iraniana e líder do movimento histórico pelos direitos das mulheres em seu país, foi anunciada como a laureada do Prêmio Nobel da Paz de 2023 nesta sexta-feira, 6 de outubro.
Atualmente detida e condenada a uma pena total de mais de 30 anos de prisão e 154 chibatadas, Mohammadi, de 51 anos, tem desempenhado um papel fundamental na luta das mulheres no Irã contra a opressão do regime vigente.
O prêmio é concedido aproximadamente um ano após o início de uma onda de protestos desencadeada pela morte de Mahsa Amini, uma jovem presa em 2022 por "uso inadequado" do véu islâmico obrigatório no país. Além disso, coincide com o momento em que outra mulher iraniana entrou em coma após um encontro com a chamada "polícia da moralidade", uma divisão do governo iraniano encarregada de fiscalizar as severas restrições impostas às mulheres no país.
No entanto, a trajetória de Narges Mohammadi, que tem 51 anos, é marcada por décadas de dedicação à defesa dos direitos das mulheres e à abolição da pena de morte no Irã, um dos países com maior número de execuções no mundo. Ela já foi presa em seis ocasiões, sendo a primeira delas há 22 anos.
Berit Reiss-Andersen, presidente do Comitê do Nobel, declarou: "Narges é uma defensora dos direitos humanos e uma pessoa que luta pela liberdade. Queremos apoiar sua corajosa luta e reconhecer o esforço de milhares de pessoas que protestam contra o regime teocrático, marcado pela repressão e discriminação contra as mulheres no Irã." Durante o anúncio do prêmio, Reiss-Andersen repetiu em farsi o lema dos protestos no Irã: "Mulheres. Vida. Liberdade".
Narges Mohammadi se torna a 19ª mulher a receber o Prêmio Nobel da Paz em seus 122 anos de existência. A última mulher premiada havia sido a jornalista filipina Maria Ressa, em 2021.
O marido da ativista expressou sua esperança de que "esse prêmio fortaleça sua luta pelos direitos humanos" e afirmou: "Este é um prêmio para o movimento em prol das mulheres, da vida e da liberdade".
Mesmo atrás das grades, Mohammadi exerce atualmente o cargo de vice-diretora do Centro de Defensores dos Direitos Humanos do Irã, uma organização não governamental liderada por Shirin Ebadi, vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2003.