Podemos abre processo para expulsão de Arthur do Val, o Mamãe Falei

Em comunicado, o Podemos informou que recebeu no domingo (6) o pedido de expulsão de Do Val e deu abertura ao processo disciplinar interno

Mamãe Falei | Divulgação
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O partido Podemos anunciou nesta segunda-feira (7) a abertura de um processo para expulsar o deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei, dos quadros da legenda, após o vazamento de áudios em que o parlamentar diz que mulheres ucranianas são "fáceis porque são pobres".

Em comunicado, o Podemos informou que recebeu no domingo (6) o pedido de expulsão de Do Val e deu abertura ao processo disciplinar interno. Segundo a nota, a petição foi remetida ao diretório estadual de São Paulo, "estado do novo filiado, que ingressou recentemente na legenda há pouco mais de 30 dias".

"A realização do procedimento é necessária para qualquer tipo de punição, em respeito à ampla defesa e ao contraditório. Assinado pelas presidentes do Podemos Mulher Nacional e estadual de São Paulo, respectivamente, Márcia Pinheiro e Alessandra Algarin, o pedido é pela punição mais grave: a de expulsão."

Segundo o texto, o presidente da Executiva Estadual Paulista, Thiago Milhim, acolheu e nomeou a Comissão de Ética e Disciplina e determinou que o deputado apresente sua defesa em cinco dias.

"Esgotado esse prazo, com ou sem resposta, o processo segue para parecer conclusivo pela Comissão de Ética e Disciplina, que é formado por: João Dárcio Ribamar Sacchi (presidente da Comissão), Elsa Oliveira e Alfredo Martins Corrêa, que farão o parecer conclusivo para a decisão da Comissão Executiva estadual de SP. Dela, caberá recurso para a Comissão Executiva Nacional dentro do mesmo prazo", finaliza.

A saída de Arthur do Val do Podemos já estava sendo ventilada pelo mundo político, após a legenda ter instalado processo disciplinar contra ele no sábado (5).

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Nos áudios enviados a amigos durante visita dele à Ucrânia, o parlamentar disse que as mulheres refugiadas ucranianas são 'fáceis, porque são pobres'.

‘Mamãe Falei’ era pré-candidato ao governo de São Paulo pela sigla e, no sábado (5), já havia se retirado da disputa estadual, diante da pressão da opinião pública e do mundo político por causa dos áudios.

Em nota divulgada nesta segunda, Do Val afirma que lutará "até o fim contra esta injustiça", numa referência aos pedidos de cassação de seu mandato.

Em comunicado publicado nas redes sociais no sábado (5), o deputado lamentou o vazamento da conversa e disse que estava retirando a pré-candidatura dele ao governo de SP.

"Os áudios que vazaram de uma conversa privada com amigos são lamentáveis. Não são corretos com as mulheres brasileiras, ucranianas ou com todas as pessoas que depositam confiança em meu trabalho e, por isso, peço desculpas. Não tenho compromisso com o erro. Por isso, entrei em contato com a presidente do Podemos, Renata Abreu, para retirar minha pré-candidatura ao governo de São Paulo", escreveu ele.

“Não quero atrapalhar a terceira via, não quero atrapalhar meu partido, não quero atrapalhar ninguém. Se isso for melhor, eu retiro [minha candidatura], não tem problema. Eu só quero que as pessoas me julguem pelo que eu fiz, não pelo que eu não fiz", completou o deputado em vídeo publicado nas redes sociais.

Arthur do Val, o Mamãe Falei, teve áudios sexistas vazados nas redes sociais Foto: Revista Veja

Representações na Alesp

O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo recebe nesta segunda-feira (7) as representações que pedem a cassação do deputado Arthur do Val (Podemos).

12 representações foram protocoladas contra o deputado desde sexta-feira (4), a maioria pedindo a perda do mandato.

-Emídio de Souza (de advertência até cassação)

-Profª Bebel (de advertência até cassação)

-Isa Penna (cassação)

-Sgto Neri (cassação)

-Luiz Fernando (cassação)

-Gil Diniz (cassação)

-Major Mecca (cassação)

-Altair Morais (cassação)

-17 deputados (cassação)

-Janaína Paschoal (de advertência até cassação)

-Valéria Bolsonaro (cassação)

-Coletiva, de deputados do PSDB

'Lutarei até o fim contra esta injustiça', diz Arthur do Val

O deputado estadual Arthur do Val (Podemos) afirmou por meio de nota nesta segunda-feira (7) que vai "lutar até o fim contra a injustiça" dos pedidos de cassação de mandato protocolados por parlamentares na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

"Sou um líder político com posições claras. Combato a corrupção, enfrento privilégios e tenho como inimigos Lula e Bolsonaro. Não querem retirar meus direitos políticos por ter roubado, por ter aparecido com dinheiro na cueca ou feito rachadinha, coisas que graças a Deus nunca fiz. Se fizesse isso, tenho certeza que jamais perderia meu mandato", diz o texto divulgado nesta noite.

"Dei uma declaração lamentavel, admito e peço desculpas por isso; além de tudo, perdi minha noiva e prejudiquei meus amigos. Isso tudo é sinal dos tempos: ladrões ficam impunes, gente honesta perde o mandato. Lutarei até o fim contra esta injustiça."

O que dizem os áudios?

Nos áudios, que circulam nas redes sociais desde a noite desta sexta (4) e teriam sido enviados para integrantes do MBL, há declarações machistas e misóginas.

“São fáceis, porque elas são pobres. E aqui minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, mas eu colei em duas ‘minas’, em dois grupos de ‘mina’. É inacreditável a facilidade. Essas 'minas' em São Paulo você dá bom dia e ela ia cuspir na sua cara e aqui são super simpáticas", diz o áudio

As declarações teriam sido feitas durante viagem à Ucrânia. Ele disse ter viajado para enviar doações para refugiados ucranianos após a invasão da Rússia ao país.

Nos áudios, o deputado estadual também teria comparado a fila de refugiadas à fila de uma balada.

"Acabei de cruzar a fronteira a pé aqui, da Ucrânia com a Eslováquia. Eu juro, nunca na minha vida vi nada parecido em termos de ‘mina’ bonita. A fila das refugiadas, irmão. Imagina uma fila de sei lá, de 200 metros ou mais, só deusa. Sem noção, inacreditável, é um bagulho fora de série. Se pegar a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila de refugiados aqui."

Em outro trecho, o áudio diz: "Passei agora quatro barreiras alfandegárias, duas casinhas pra cada país. Eu contei, são doze policiais deusas. Que você casa e faz tudo que ela quiser. Eu estou mal cara, não tenho nem palavras para expressar. Quatro dessas eram 'minas' que você se ela cagar você limpa o c* dela com a língua. Assim que essa guerra passar eu vou voltar para cá".


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