Um levantamento realizado pelo Instituto Sou da Paz, revela que em 20 anos, 46 pessoas morreram vítimas de ataques a escolas no Brasil. A pesquisa utilizou dados a partir de outubro de 2002, em que foram registrados 25 casos , com 139 vítimas, sendo 46 mortos e 93 feridos.
O estudo aponta ainda que, ataques com armas de fogo causaram 35 mortes nas escolas ao longo desses 20 anos. Armas brancas vem logo em seguida, sendo o objeto utilizado no assassinato de 11 pessoas. Ataques a tiros causaram três vezes mais mortes nas escolas do que ocorrências com armas cortantes.
De acordo com a diretora-executiva do Instituto, Carolina Ricardo, responsável pela pesquisa, a disponibilidade de armas em residências favorece esses tipos de crimes e aumenta a letalidade.
"O estudo mostra que a disponibilidade de armas em residências favorece esse tipo de crime e aumenta a letalidade, pondo em evidência quão crucial é o controle do acesso e do armazenamento dessas armas para a redução da letalidade desses eventos, já que ferimentos com armas brancas e de pressão são menos graves e têm mais chances de defesa, socorro e recuperação da vítima", disse.
Ainda de acordo com o estudo, homens e meninos, integram o grupo de agressores destes crimes, sendo 57% alunos e 36% ex-alunos. Desta porcentagem, pelo menos dois casos o agressor estava sem há muito tempo sem ir às aulas, e buscas efetivas por parte da escola não foram realizadas, contribuindo com o isolamento e radicalização desses alunos , ao ficarem distantes do ambiente de estudos.
A idade destes agressores segundo a pesquisa é em média de 16 a 25 anos, sendo o mais novo de 10 anos, como o caso do estudante da 4ª série da Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, na cidade de São Caetano do Sul, em São Paulo, que atirou contra a professora no ano de 2011.
Uma outra pesquisa da Universidade Estadual de Campinas em torno dos ataques a escolas, aponta que os agressores são predominantemente brancos e demonstram atitudes misóginas, um sentimento de aversão às mulheres.
Outras características marcante da personalidade destes grupos é o interesse por violência e o uso de armas, além de isolamento social em relação ao convívio. Eles escolhem grupos restritos para se relacionarem e possuem uma grande tendência de evasão escolar.
De acordo com especialistas, a onda de violência que assola a vida desses jovens é complexa. Tal situação é o reflexo de uma grande quantidade de fatores, como bullying, efeito pós-pandemia e a influência de grupos extremistas que cultivam o ódio por meio das redes sociais . Diante disso, é extremamente necessário o trabalho em conjunto das áreas de educação, saúde, assistência social e segurança.
O instituto responsável pela pesquisa destaca a importância da criação de programas para os alunos, com o objetivo de ajudá-los a entender suas emoções e frustrações e respeitar a múltipla diversidade das pessoas e a terem uma convivência.
Uma capacitação aos professores e funcionários também é indicado como ação importante para a identificação de mudanças de comportamentos, como uso das mídias violentas, manuseio das armas de fogo, agressões físicas, demonstração de transtorno mental, agressividade e o uso de expressões ofensivas/pejorativas ao se comunicarem com as mulheres e meninas.