Seis pacientes que estavam na fila de transplante da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) testaram positivo para o vírus HIV após receberem órgãos contaminados, em um caso inédito na história do serviço de saúde do estado.
A informação foi divulgada nesta sexta-feira (11) e confirmada pela SES-RJ. O incidente também está sendo investigado pelo Ministério da Saúde.
"Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas", afirmou a SES-RJ em comunicado.
A descoberta ocorreu quando um paciente que havia recebido um coração começou a apresentar problemas de saúde nove meses após o transplante. Após a realização de exames, foi constatada a infecção pelo HIV. A partir daí, uma investigação revelou que, pelo menos, dois dos doadores possuíam o vírus, porém a triagem dos órgãos — realizada por um laboratório privado contratado pela SES-RJ — não identificou a presença do HIV, e os órgãos foram liberados para transplante.
O laboratório em questão foi contratado em dezembro do ano passado por meio de um processo de licitação, com um valor de R$ 11 milhões.
A secretária estadual de Saúde, Cláudia Mello, informou que a primeira medida adotada foi transferir todos os exames sorológicos dos doadores do laboratório terceirizado para o Hemorio. O Hemorio agora está revisando o material armazenado de 286 doadores. "Desde o dia 13 de setembro, todas as doações passaram a ser analisadas diretamente pelo Hemorio", acrescentou Cláudia.
Confora a nota da SES-RJ
“A Secretaria de Estado de Saúde (SES) considera o caso inadmissível. Uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher os pacientes afetados e, imediatamente, foram tomadas medidas para garantir a segurança dos transplantados.
O laboratório privado, contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes, teve o serviço suspenso logo após a ciência do caso e foi interditado cautelarmente. Com isso, os exames passaram a ser realizados pelo Hemorio.
A Secretaria está realizando um rastreio com a reavaliação de todas as amostras de sangue armazenadas dos doadores, a partir de dezembro de 2023, data da contratação do laboratório.
Uma sindicância foi instaurada para identificar e punir os responsáveis. Por necessidade de preservação das identidades dos doadores e transplantados, bem como do encaminhamento da sindicância, não serão divulgados detalhes das circunstâncias.
Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas.”