As visitas ao Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, dobraram desde a construção Aeroporto de São Raimundo Nonato. A obra levou quase 12 anos para ser inaugurada e só no fim de 2022 passou a receber dois voos regulares da companhia aérea Azul. Em janeiro deste ano, o parque teve 4 mil, o dobro de janeiro de 2022.
Criado há mais de quatro décadas para preservar sítios arqueológicos com gravuras e pinturas rupestres que ilustram a mais remota presença do homem na América do Sul, a Serra da Capivara é uma espécie de tesouro escondido na caatinga. No Sudeste do Piauí, é um dos mais belos parques brasileiros, com mais de 600 sítios arqueológicos e uma área de preservação de 130 mil hectares.
Em média, o Parque recebe cerca de 30 mil visitantes por ano. Até dezembro do ano de 2022, para chegar ao parque, o turista tinha de enfrentar horas de estrada — quatro horas, se chegasse pelo aeroporto de Petrolina (PE) ou até oito horas, se o desembarque fosse em Teresina.
“O que esperávamos há bastante tempo está começando a acontecer. Recebemos 4 mil visitantes em janeiro, o dobro de janeiro de 2022, disse a antropóloga Marian Rodrigues, chefe do Parque Nacional Serra da Capivara, ao Globo.
INVESTIMENTOS NO PARQUE
Marian Rodrigues afirma ainda que tem sido comum a presença de empresários nos municípios vizinhos ao parque, prospectando negócios que possam prosperar com o aumento do turismo decorrente do início dos voos.
Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1991, o parque começa a receber também investimentos no entorno. Uma parceria público-privada do governo do Piauí, fechada com a concessionária Serra da Capivara Hotel Resort, é a responsável pela reforma, ampliação e modernização do Hotel Serra da Capivara, que foi fechado e deve ser reaberto ainda este ano.
Na gestão de Jair Messias Bolsonaro, o Parque Nacional da Serra da Capivara foi incluído no Programa Nacional de Desestatização, mas o estudo não foi concluído. Além da pandemia, que deixou o parque fechado por vários meses, houve também muitas ameaças de incêndio na área de preservação.
Os voos para São Raimundo Nonato são às quintas-feiras e domingos. Segundo ela, em média, 30 pessoas têm desembarcado todas as quintas-feiras para visitar o parque, e ficam até domingo. Até novembro passado, não passavam de cinco visitantes por fim de semana, que permaneciam no máximo dois dias.
Niéde Guidon, que completou 90 anos no mês passado, já não está à frente das pesquisas arqueológicas, mas a Fumdham segue ativa na região e na parceria com o ICMbio para proteção do parque, que representa quase 40% da área de caatinga protegida no país.