Advogado preso revela trama para pistolagem no Estado do Ceará

Antônio Irlando Pereira Linhares, prestou um longo e comprometedor depoimento

Antônio Irlando Pereira Linhares | Diario do Nordeste
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As investigações policiais que tratam de um duplo assassinato ocorrido na noite de 20 de setembro último, na cidade de Juazeiro do Norte, na Região do Cariri (495Km de Fortaleza), podem sofrer uma reviravolta nos próximos dias. Um advogado, que está preso preventivamente suspeito de ser o mandante da dupla pistolagem, decidiu ´abrir o jogo´ depois de um período de silêncio no xadrez. Em um longo depoimento prestado na última segunda-feira (31), ele apontou os nomes das pessoas que, segundo ele, teriam interesse na morte das vítimas, entre elas um juiz de Direito, e ainda fez revelações sobre os motivos que teriam levado às execuções.

O advogado Antônio Irlando Pereira Linhares, ex-procurador do Município de Juazeiro do Norte, está preso há quase um mês. Transferido para esta Capital, ele está recolhido numa cela especial da Delegacia de Capturas e Polinter (Decap), no Centro, e foi lá que prestou o longo depoimento ao delegado Victor Timbó de Lima.

Milhões

O crime teve como vítimas o policial militar, advogado e vereador de Juazeiro do Norte, Amarílio Pequeno da Silva, 55; e o ex-policial civil José Alves Bezerra, 56. Eles foram mortos, a tiro, na noite do dia 20 de setembro na Praça Feijó de Sá, no bairro Triângulo. Ambos foram vítimas de uma emboscada em praça pública, fato presenciado por dezenas de pessoas. Os pistoleiros fugiram numa motocicleta de cor escura.

No depoimento, o advogado aponta um juiz de Direito, que foi titular em comarca da região do Cariri e hoje atua em Fortaleza, como o principal suspeito do crime. O motivo dos assassinatos seria uma desavença por conta de dinheiro entre o magistrado e o vereador.

Negócios envolvendo a compra e venda de imóveis de alto valor venal em Juazeiro do Norte, como o Hotel Municipal (no valor de R$ 3,7 milhões) e uma extensa área de terras na Vila Três Marias (no valor de R$ 16 milhões), dívidas milionárias, favorecimento em processos judiciais (compra de sentenças) e até as negociações para um empréstimo no valor de R$ 11 milhões no Banco do Nordeste, com a intervenção de três políticos da região (um deputado federal, um estadual e um vereador), foram citadas pelo advogado como os motivadores de intrigas e ameaças que teriam resultado no planejamento do duplo assassinato.

O advogado também implicou três empresas da região, do ramo de construção civil e máquinas pesadas, uma corretora de imóveis e até a esposa do magistrado como envolvidos numa teia de crimes e irregularidades que teriam chegado ao Tribunal de Justiça do Estado envolvendo o juiz e outro magistrado, quando ambos atuavam em uma Comarca no Cariri.

Nomes

O Diário do Nordeste teve acesso exclusivo ao teor do depoimento que foi tomado na Polícia Civil após o advogado preso ter pedido a intervenção do Ministério Público Estadual, através da Procuradoria Geral da Justiça (PGJ), para que os fatos viessem à tona. No entanto, os nomes das pessoas citadas no depoimento dado pelo advogado foram preservados, já que a Polícia não se manifestou ainda oficialmente sobre o fato, e não houve indiciamento em inquérito, nem denúncia do MP.

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