O assassinato da vendedora Fernanda Grasielly de Almeida Alves, de 25 anos, pelo ex-marido em um shopping do DF nesta sexta-feira (1º), reascendeu o debate sobre a fragilidade da Lei Maria da Penha. Mulheres ouvidas pelo R7, que trabalham no local, revelaram que não se sentem seguras pela legislação e que o Estado poderia ter evitado a morte da jovem, que deixou um filho de quatro anos.
De acordo com a polícia, ela chegou a registrar ocorrência contra ele em abril do ano passado. Vítor Gabriel Medeiros foi enquadrado na Lei Maria da Penha, por ameaça e injúria e chegou a ser proibido de ficar a menos de 200 metros da ex-mulher. No entanto, um mês após a denúncia, Fernado Grasielly retirou a queixa contra ele.
A vendedora Rosália Santos, de 25 anos, era amiga de Fernanda há um ano. Elas chegaram a trabalhar juntas em uma loja. Ela afirmou que a colega chegou a comentar sobre o ciúme do ex-marido e o incômodo que ele sentia em relação ao novo namorado de Fernanda. Segundo Rosália, existia até uma medida protetiva da Justiça para que Medeiros não se aproximasse da vítima.
? Ele já havia ameaçado antes, eles separaram por causa das agressões.
Rosália diz se sentir vulnerável e teme passar por situação semelhante, já que, segundo ela, as leis não garantem a sensação de segurança para a mulher.
A designer Laura Katherine, de 33 anos, também diz que, como mulher, se sente desamparada pela lei.
? A polícia já tem que agir depois da primeira queixa, porque se esperar a próxima pode ser tarde demais. Olha só o que aconteceu. Esse caso poderia ser evitado.
A vendedora do mesmo shopping, Rosângela Matos, de 38 anos, considera branda a Lei Maria da Penha. Ela defende penas maiores para os agressores, como forma de estimular as mulheres a denunciá-los.
? É constrangedor chegar na delegacia para registrar a ocorrência, sabendo que nada vai ser feito. Conheço várias mulheres que registraram e não aconteceu nada. O máximo foi obrigar o homem a pagar cestas básicas ou fazer serviço comunitário.
Dados da SPM/PR (Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres da Presidência da República) apontam que o Distrito Federal ocupa 1º lugar no ranking de denúncias de violência contra mulher feitas pelo Disque 180. A central de atendimento recebeu 303,14 ligações a cada grupo de 100 mil mulheres do DF, entre janeiro e março deste ano.