Os quatro policiais militares acusados de matar e ocultar o cadáver da engenheira Patrícia Amieiro, desaparecida há quatro anos, foram promovidos depois do crime. A informação foi dada durante o novo interrogatório dos réus, nesta sexta-feira (13), quando a juíza Ludmila Vanessa Lins da Silva, do 1º Tribunal do Júri, pediu a qualificação dos quatro.
Marcos Paulo Nogueira Maranhão foi promovido a sargento, Wiliam Luís do Nascimento, a terceiro sargento, Fábio da Silveira Santana a cabo e Márcio de Oliveira Santos foi promovido a sargento. Todos respondem ao processo em liberdade.
A promoção dos policiais deixou os parentes de Patrícia surpresos. ?Não sabíamos disso. É estranho?, afirmou Adriano Amieiro, irmão da engenheira.
Os quatro acusados falaram durante o interrogatório e negaram a autoria do crime. Todos disseram que houve um acidente e que não havia corpo algum dentro do carro.
?Não tinha motivo para não promovê-los. Nem conselho de disciplina eles responderam?, afirmou o advogado dos PMs, Nélio Andrade.
Juíza adia decisão
O resultado da busca e apreensão pela ossada da engenheira Patrícia Amieiro acabou estendendo prazo para que a juíza Ludmilla Vanessa Lins da Silva, do 1º Tribunal do Júri, decisa sobre a pronúncia dos réus. O caso pode ou não ir a júri popular.
Ao fim da audiência desta sexta-feira, a juíza afirmou que vai expedir um ofício para a Divisão de Homicídios (DH), para que a polícia informe, em um prazo de cinco dias, quais objetos foram apreendidos no sítio no Itanhamgá, na Zona Oeste do Rio, e para onde eles foram levados.
Em seguida, o TJ vai abrir vistas à defesa, para que tenha acesso ao processo. A juíza também disse que vai oficiar o Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) e determinar um prazo pra que a perícia seja feita.
Só após a conclusão da perícia é que a juíza vai abrir as alegações finais, que são feitas em até 10 dias.
Patrícia foi vista pela última vez quando saía de uma festa no Morro da Urca, na Zona Sul da cidade, no dia 14 de junho de 2008.
O delegado Marcos Reimão, última testemunha a ser ouvida na audiência desta sexta, afirmou ter convicção da participação dos quatro policiais militares na morte da engenheira. Reimão esteve à frente das investigações na época. O depoimento dele durou 1h40.
Fim das buscas no sítio
Após o anúncio oficial do fim das buscas pela ossada da engenheira Patrícia Amieiro, o irmão, Adriano Amieiro, fez um apelo emocionado ao governador Sérgio Cabral, nesta sexta, e ao secretario estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, para que os trabalhos continuassem no local.
"Eu entendo e respeito a opinião do Corpo de Bombeiros, que são especialistas. Eu confio no trabalho do MP e da polícia, mas peço que as buscas não terminem aqui no sítio. A gente acredita que as roupas sejam da Patrícia, sentimos que ela possa estar aqui, então, eu faço um apelo ao governador e ao secretario Beltrame para que as buscam continuem só mais um pouquinho", disse ele, que foi amparado por um psicólogo da Polícia Civil.
De acordo com o comandante Vítor Leite, do 2º Grupamento de Socorro Florestal e Meio Ambiente, as equipes fizeram uma varredura em todo o terreno do sítio, com o auxilio de seis cães farejadores. Ele afirmou que durante as buscas, os bombeiros encontraram duas ossadas de animais, uma de bode e outra de cachorro, e vários objetos pessoais, como tênis, prendedor de cabelo e brinquedos.
"Nós dividimos as equipes em três, elas subiram até o cume do morro, fazendo uma varredura, até a base da pedra,começamos o serviço as 9h, encontramos algumas ossadas de animais, até porque o sítio tem animais, e a equipe regressou fazendo um pente fino. Encontramos uma cisterna, e não encontramos nada lá dentro, e para os bombeiros os trabalhos também estão encerrados", disse ele.
Na manhã desta sexta, equipes que tentavam localizar a ossada de Patrícia em um sítio no Intanhangá, Zona Oeste do Rio. Os trabalhos realizados por cerca de 200 agentes do Ministério Público, da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros, da Light e da secretaria municipal de Conservação foram concluídos por volta das 12h45.
Quatro anos desaparecida
Na noite de 14 de junho de 2008, a engenheira Patrícia Amieiro Franco, então com 24 anos, desapareceu ao voltar de uma festa na Zona Sul para sua casa na Barra da Tijuca. O carro de Patrícia foi encontrado no Canal de Marapendi. A perícia feita no veículo encontrou vestígios de tiros. Quatro policiais militares são acusados de matar e ocultar o cadáver da vítima, que teve morte presumível decretada pela justiça em junho de 2011.