Operação realizada pelo Ibama em maio na Terra Indígena (TI) Apyterewa, no Pará, com o objetivo de conter danos ambientais em 30 áreas sob alerta de desmatamento ilegal desmobilizou mais de 20 acampamentos e estruturas de apoio usados pelos criminosos. A extensão dos danos ambientais verificados pelo Instituto resultou no embargo das áreas desmatadas no território indígena, primeiro do ranking das TIs mais desmatadas da Amazônia desde 2019. A equipe de fiscalização aponta a grilagem de terras, a consolidação da pecuária bovina clandestina e o garimpo ilegal como principais motivos da invasão. Estima-se que mais de 60 mil cabeças de gado sejam criadas ilegalmente na área.
Os agentes ambientais apreenderam 10 armas de fogo, cerca de 80 munições e sete motosserras. Dois motores estacionários, duas motos e uma caminhonete usados pelos invasores foram destruídos. Um aparelho GPS e cadernos de anotações contendo detalhes dos “loteamentos” planejados pelos invasores – locais com desmatamento em curso e áreas de interesse para invasão – foram apreendidos durante a operação.
A vila Renascer, criada pelos invasores no interior da TI Apyterewa próximo à base da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), era usado na articulação das ações ilegais, com instalação clandestina de energia, postos de combustível e pontos de comércio.
Poucos quilômetros ao sul da TI, invasores utilizam a vila Taboca como ponto de apoio para a grilagem de terras e comércio ilegal do gado criado clandestinamente. Os agentes notificaram os infratores a retirarem os rebanhos da TI, caso contrário os animais seriam apreendidos.
Também foram identificados indícios de crimes contra a fauna. Um caçador foi flagrado com arma usada para matar uma onça-pintada. A ação criminosa foi registrada e narrada em vídeo encontrado em celular do próprio autor do crime ambiental.
Ameaça ao povo Parakanã
Acuados com o avanço dos criminosos sobre seu território, o povo Parakanã passou a ocupar apenas a porção noroeste da TI. A Aldeia Kaaeté, localizada nas proximidades de garimpo ilegal, tem sua liderança ameaçada pelos criminosos desde 2021. “Os invasores ingressam na Aldeia, sem qualquer restrição, comunicando abertamente aos indígenas o processo de invasão e desmatamento/garimpo associados”, disse Christina Whiteman, agente ambiental federal de fiscalização do Ibama. O Ramal do Mogno, estrada aberta em 2020 pelos invasores na TI Apyterewa que avança ao Norte para as TIs Trincheira-Bacajá e Araweté Igarapé-Ipixuna e cuja progressão havia sido freada pelo Ibama naquele ano, voltou à atividade no início de 2023 e voltou a ser alvo da fiscalização.
(Com informações do Ibama)