Em audiência de custódia realizada nesta quarta-feira (09) o juiz Valdemir Ferreira Santos decidiu pela legalidade das prisões do empresário João Paulo Carvalho, do tio dele, Francisco das Chagas Sousa e do primo Guilherme de Carvalho. Os três são suspeitos de torturar e matar os adolescentes Luian Ribeiro de Oliveira e Anael Natan Colin.
A Delegada Vanda Abreu Costa, Coordenadora da Audiência de Custódia explica que a audiência ocorreu dentro da legalidade e seguindo os preceitos processuais penais. Os suspeitos foram presos ontem (08) durante o cumprimento dos mandados da operação “Xeque-mate”, através do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
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“A audiência analisou tão somente o ato de cumprimento dos mandados de prisão preventiva, não cabendo neste momento quaisquer apreciações sobre o mérito. Após a conclusão da referida audiência os presos foram encaminhados para o sistema prisional, atendendo-se a todas as previsões legais, uma vez que dois dos presos dispõem de prerrogativas durante o cumprimento do decreto judicial. A referida audiência atende aos normativos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) previstos nos Tratados Internacionais de Direitos Humanos”, afirmou a delegada.
Os três permaneceram presos cautelarmente durante o curso do processo até decisão judicial em contrário.
Segundo o Delegado Luiz Guilherme, que preside o inquérito do caso, foi encontrado na casa de João Paulo dois carregadores de uma pistola 9 milímetros que teria sido usada na execução dos jovens. A arma seria do empresário, que a passou para o seu primo, autor dos disparos conforme as investigações. A pistola foi jogada no rio após o crime, segundo o delegado.
“Com o cumprimento do mandado na residência do João Paulo foi apreendido carregadores e munições dessa pistola que foi supostamente utilizada pelo Guilherme e pelo João Paulo. Nesse momento, o inquérito está chegando ao fim. Nós iremos verificar qual a real conduta de cada qual. A prisão deles é realizado com provas robustas. Temos indícios que houve tortura, bem como a ocultação dos cadáveres. O que foi dito e comprovado em laudo pericial, que o disparo entrou na região da nuca e transfixou saindo pela parietal. Indícios de que houve uma situação de rendição e de que o disparo aconteceu possivelmente com a cabeça abaixada ou então deitados”, pontuou
O delegado rebateu ainda possíveis hipóteses de divergências sobre a primeira soltura do empresário, ocorrida horas depois de sua primeira prisão no dia 25 de janeiro. Para ele, diante do avanço do caso, a liberação foi muito importante de um ponto de vista estratégico no andar do inquérito.
“Essa liberação ela foi estrategicamente muito importante para o avanço, se não fosse ele, não teríamos também avançado ao ponto de chegar nos envolvidos do crime”, finaliza.
Motivação do crime
Na primeira vez em que foi preso, o empresário João Paulo de Carvalho Gonçalves Rodrigues, confessou em depoimento que os jovens estavam em uma festa ao lado do sítio da sua família, quando pularam o muro da propriedade para realizar um assalto. Eles estariam armados com uma barra de ferro retirado da motocicleta em que andavam.
Nesse momento, eles acabaram sendo capturados e levados para um matagal, onde foram mortos a tiros no povoado Anajás, região da cacimba velha, na zona rural Leste de Teresina.
Relembre o caso
Luian Ribeiro de Oliveira, de 16 anos e Anael Natan Colins, de 17, haviam desaparecido após uma festa, realizada no dia 12 de novembro de 2021, em um sítio próximo à Ladeira do Uruguai, na zona Leste de Teresina.
Após dois dias de buscas, os corpos dos adolescentes foram encontrados em um matagal às margens da PI-112, rodovia que liga a Teresina ao município de União. O DHHP chegou a levantar a hipótese de que Luian e Anael haviam sido mortos após uma briga de trânsito na madrugada em que foram assassinados.