Acusado de fazer parte da célula de elite do Primeiro Comando da Capital (PCC) responsável por ataques contra autoridades no Brasil, Sandro dos Santos Olímpio, conhecido como Cisão, solicitou à Justiça sua transferência da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, localizada no interior paulista, após a execução de dois ex-membros do grupo na cadeia.
Cisão, que nega ser integrante do PCC e afirma estar sob ameaça na unidade, apresentou o pedido na quarta-feira (19/6). Dois dias antes, Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê, ambos apontados como membros do núcleo Sintonia Restrita do PCC, foram assassinados a punhaladas na penitenciária.
"A defesa entende que o sentenciado (...) está incorrendo em gravíssimo risco de vida devido à insinuação da direção da unidade prisional de que o sentenciado tem participação em atentados às autoridades, mesmo não sendo verdadeira essa ilação", diz trecho do pedido. Ainda não há decisão judicial.
Cisão é mencionado em um relatório de inteligência do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) por supostamente ter integrado o grupo que investigou os endereços dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), para uma “missão” no Distrito Federal. O documento do Ministério Público de São Paulo (MPSP) é de novembro de 2023.
Dupla
Nefo e Rê eram acusados de planejar um atentado contra o senador Sergio Moro (União-PR), sua família e o promotor Lincoln Gakiya, do MPSP, considerado um dos principais especialistas em combate ao PCC. Eles foram presos em março de 2023 durante a Operação Sequaz, deflagrada pela Polícia Federal (PF) para desmantelar o plano.
O advogado Marcos Roberto Azevedo, que representa Cisão, afirma que a tentativa de transferência da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, destinada a membros do PCC, é anterior às mortes de Nefo e Rê e, portanto, não tem relação direta com o episódio. O pedido foi reforçado em nova petição à Justiça na semana passada.
Em 25 de março, o diretor técnico da unidade deu parecer contrário à saída de Cisão para outra cadeia. No documento, ele menciona que o preso é "polifaltoso", registra "envolvimento com facção criminosa" e cita uma reportagem que liga o detento à célula do PCC responsável por atentados.
Para refutar a última acusação, a defesa incluiu dois e-mails com respostas do Gaeco sobre possíveis investigações em andamento. O grupo de Presidente Prudente afirmou não ter encontrado "procedimento relativo ao senhor Sandro". Já o da capital declarou não haver "procedimento investigatório criminal ou qualquer relatório gerado" em relação ao preso. As mensagens são de abril e maio de 2024, respectivamente.