O sargento da Força Aérea Brasileira Manoel Silva Rodrigues foi preso na Espanha em junho de 2019. Ele foi detido após ser flagrado com 39 kg de cocaína em um avião da comitiva presidencial de Jair Bolsonaro (sem partido). No entanto, essa não foi a primeira vez que o sargento da FAB traficou a droga em viagens oficiais.
Segundo informações da Polícia Federal, Manoel Silva Rodrigues traficou cocaína em pelo menos sete viagens presidenciais antes de ser preso em 2019. Bolsonaro estava indo ao Japão para reuniões do G20 e Rodrigues fazia parte da comitiva.
A investigação mostra que foram quatro voos domésticos, para São Paulo e Recife, e três internacionais, todos com escalas na Espanha, onde a droga era entregue. A primeira viagem suspeita foi em 18 de março de 2019, quando o sargento saiu de Brasília para São Paulo.
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Nas viagens, Rodrigues trocava mensagens cifradas com a mulher dele, Wilkelane Nonato Rodrigues. De acordo com a PF, as conversas seriam para avisar que o sargento teve sucesso na entrega da droga. Segundo o Uol, o casal passava por dificuldades financeiras e tinham contas atrasadas. Depois de voltar para Brasília na primeira missão, Manoel Rodrigues teria pagado as dívidas.
Desde 2015, o sargento estava lotado no Grupo de Transporte Especial, responsável pelo transporte de autoridades. Entre 30 de abril e 5 de maio de 2019, Manoel Rodrigues levou uma comitiva do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), então presidente da Câmara, para o Azerbaijão. A agenda incluía ainda compromissos no Líbano e paradas em Cabo Verbe, Madri, Roma e Lisboa.
Rodrigues teria aproveitado para levar cocaína para a Espanha, onde fez escala. As investigações mostram que, em Madri, a tripulação convidou o sargento para passear pela cidade, mas ele recusou sob a justificativa de que encontraria uma prima. Na realidade, ele saiu para entregar drogas.
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Após a viagem, Manoel Rodrigues e Wilkelane compraram uma moto de mais de R$ 32 mil e gastou R$ 26 mil na reforma de um apartamento. A suspeita é de que o sargento recebia pelo menos R$ 100 mil pela entrega da droga.
O inquérito da PF mostra que, mesmo após a prisão do sargento, o esquema de tráfico operado por militares continuou. Outros militares envolvidos chegaram a ser presos, assim com a esposa de Rodrigues, Wilkelane. Ela foi solta, enquanto os militares envolvidos estão em liberdade, mas, segundo o Superior Tribunal Militar, cumprem medidas cautelares.
A FAB disse que depois da prisão de Rodrigues, os “procedimentos de segurança, os protocolos de embarque e desembarque foram revisados e aperfeiçoados”.
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