Suspeitos de matar líder quilombola na Bahia usaram armas de uso restrito

Maria Bernadete Pacífico era líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, Yalorixá e ex-secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho (BA).

Suspeitos de matar líder quilombola na Bahia usaram armas de uso restrito | Divulgação
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Os criminosos que ceifaram a vida da líder quilombola Bernadete Pacífico, usaram armas de calibre 9 mm, que desde julho voltaram a ser de uso restrito às forças de segurança. Ela foi morta a tiros na noite desta quinta-feira (17), em Simões Filho, na Bahia. A informação foi divulgada pela delegada Andréa Ribeiro, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Maria Bernadete Pacífico era líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, Yalorixá e ex-secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho (BA). Ela é mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, o “Binho do Quilombo", assassinado no dia 19 de setembro de 2017. 

"A perícia localizou vários vestígios de calibre 9mm. Por essa ser uma arma de uso restrito, ela é usada por indivíduos de índole mais violenta, que têm coragem para cometer o crime, o que requer uma atenção maior da investigação", disse a delegada em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (18).

Apesar da restrição do uso de 9mm, o novo decreto do Governo Federal garante a posse e a possibilidade de utilização dos acervos adquiridos sob a regra anterior, desde que atendidos os critérios da concessão do registro e atividade exercida.

Bernadete Pacífico, liderança quilombola da Bahia | FOTO: Conaq

Ainda segundo a Andréa Ribeiro, a relação com a morte do filho de Bernadete, ocorrida há sete anos, também por disparos de arma de fogo, é uma das hipóteses de investigação. Além disso, ela ainda citou um possível conflito de terra. No momento em que a líder foi assassinada, estava com três netos.

Vale mencionar que Bernadete Pacífico sofria ameaças, que foram comunicadas ao governo da Bahia, por meio da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia (SJDH), e também ao Supremo Tribunal Federal. O advogado dela disse que a SJDH havia colocado a líder quilombola em um programa de proteção.

"Ela entrou no programa há dois anos. Bernadete recebia ameaças de várias frentes, que foram intensificadas quando madeireiros ilegais passaram a ameaçá-la. Ela sempre deixou claro os riscos que corria e ficou sob o programa a pedido dela mesma [...] A proteção do estado era só uma ronda simbólica. Uma viatura da PM ia lá uma vez por dia, geralmente no final da tarde, falava com ela e ia embora. Que segurança é essa?” questionou o advogado.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), o crime foi cometido por dois homens. Usando capacetes, os suspeitos entraram no imóvel onde estava a ialorixá e efetuaram disparos com arma de fogo.

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