Nesta sexta-feira, 11 de agosto, deputados na Câmara dos Deputados estão se unindo com o propósito de obter assinaturas visando estabelecer a CPI das Joias. Essa ação ganhou mais força em decorrência de uma operação conduzida pela Polícia Federal durante a manhã de hoje.
A operação resultou em buscas e apreensões em locais ligados ao tenente-coronel do Exército Mauro Cid, que anteriormente atuou como ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Além disso, os agentes também realizaram buscas em endereços relacionados ao pai de Cid, Mauro Cesar Lourena Cid.
As investigações apuram se militares próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) venderam ilegalmente mais de R$ 1 milhão em presentes oficiais dados por delegações estrangeiras ao governo federal. “Há fortes indícios da criação de uma rede de contrabando no último governo. Temos de ir a fundo nesse caso e investigar os crimes que envolvem essa possível rede criminosa em paralelo com as ações da PF. Nossa articulação agora será pela criação urgente da CPI, que se faz mais do que necessária”, afirmou o deputado Tulio Gadelha (Rede-PE).
Até o começo da tarde de hoje, sexta-feira, o requerimento para a criação da CPI já havia coletado 108 assinaturas, enquanto o número mínimo exigido é de 171. O presidente da CPI dos Atos Golpistas, deputado Arthur Maia (União-BA), durante a sessão realizada na última terça-feira, 8 de agosto, afirmou que o assunto relacionado às joias deve ser objeto de investigação em outra comissão.
Na ocasião, ele argumentou que a comissão foi criada para apurar os atos golpistas de 8 de janeiro, acrescentando que eventuais denúncias de corrupção envolvendo Bolsonaro e pessoas próximas a ele devem ser apuradas por outra comissão parlamentar de inquérito.
"Quero dizer que eu tenho uma preocupação muito grande com relação a essas questões referentes ao tamanho e ao nível de investigação que esta CPMI está tomando. A CPMI foi criada para investigar os atos relacionados a 8 de janeiro. Qualquer denúncia que tenha, que exista eventualmente contra o ex-presidente, qualquer pessoa que fez parte de seu governo não está, necessariamente, vinculada a esta CPMI", declarou Arthur Maia.
"Então, quero dizer que o fato de haver depósitos em conta de A, de B ou de C, se algum outro parlamentar achar que deve fazer uma outra CPMI para investigar eventuais atos de corrupção de pedra preciosa, etc., direito dos parlamentares. Esta CPMI tem que se ater ao seu objeto", acrescentou.
Em resposta a Arthur Maia, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) argumentou que a CPI deveria focar na investigação da "movimentação de recursos" envolvendo indivíduos próximos ao ex-presidente Bolsonaro. Ela ressaltou que a comissão tem a responsabilidade de esclarecer quem financiou os acontecimentos ocorridos em 8 de janeiro.
"Quando o ex-ajudante de ordens [Mauro Cid] efetua um depósito de dinheiro, e por essa razão ele deve ser chamado novamente a depor, é igualmente crucial examinar a outra parte que recebeu tais recursos. [...] Se existe dinheiro em espécie circulando nas mãos daqueles que tinham o esboço do golpe em seus dispositivos celulares, não seria justificável investigar também quem está na outra extremidade desse recebimento?", questionou a parlamentar.