A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível por oito anos revelou a falta de apoio unânime em torno do político, mesmo sendo considerado a principal liderança de direita no país. Aliados próximos, como o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o governador Cláudio Castro (PL-RJ), mantiveram-se em silêncio diante da condenação de Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
Fabio Wanjgarten, advogado de Bolsonaro e ex-secretário de Comunicação Social da Presidência, tentou minimizar a falta de manifestações públicas de apoio por parte de alguns aliados influentes, especialmente nas redes sociais.
Silêncio dos "bolsonaristas moderados"
Castro, correligionário do ex-presidente, expressou seu apoio antes da condenação, afirmando que a inelegibilidade de Bolsonaro aumentaria sua relevância política. No entanto, a declaração foi considerada equivocada e infeliz, e desde então, o governador não se pronunciou mais sobre o assunto.
Outros aliados, como o senador Romário (PL-RJ) e os governadores Ratinho Júnior (PSD-PR) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), não demonstraram publicamente solidariedade a Bolsonaro. Eles têm mantido uma distância segura do ex-presidente, buscando um bom relacionamento com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o objetivo de conquistar mais recursos para seus estados e fortalecer seus aliados em futuras eleições.
No Congresso, a cobrança por um posicionamento público mais enfático recai sobre Moro. Embora tenha saído do governo em conflito com Bolsonaro, eles se reconciliaram durante a campanha eleitoral passada em uma tentativa de derrotar Lula. O ex-juiz foi questionado por Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente, sobre sua manifestação em relação à condenação de Bolsonaro, mas o senador não se pronunciou.
Enquanto isso, a esposa de Moro, a deputada Rosângela Moro (União Brasil-SP), assinou um projeto de lei que busca anistiar perdoar os condenados por crimes eleitorais desde 2016. No entanto, ela também não fez menção pública ao ex-chefe do Executivo.
Revolta dos “bolsonalistas raiz”
A postura dos aliados menos radicais tem gerado críticas dos "bolsonaristas raiz" no Parlamento, que valorizam a lealdade. Alguns membros do núcleo bolsonarista do Partido Liberal (PL) na Câmara, incluindo Eli Borges (PL-TO) e Bibo Nunes (PL-RS), não se manifestaram sobre a inelegibilidade de Bolsonaro, o que tem sido questionado pelos seus colegas.
Nos bastidores, acredita-se que a decisão da Corte Eleitoral já era esperada, enfraquecendo a repercussão da derrota. A bancada do PL se reunirá em breve para discutir os próximos passos do partido.
Além disso, aliados do ex-líder da República ficaram descontentes com setores da direita que são contrários a ele, como o Movimento Brasil Livre (MBL), que comemoraram a decisão do TSE. Essa atitude gerou tensões e divisões entre os grupos de direita, com alguns membros questionando a verdadeira identidade ideológica dessas pessoas.
Para alguns parlamentares, a saída de Bolsonaro do cenário eleitoral abrirá espaço para a reconstrução da direita, destacando a figura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como o candidato mais forte nesse contexto.
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