O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu realizar mudanças no comando da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) após a Polícia Federal (PF) apontar suspeitas de conluio entre investigados por participação em um esquema de monitoramento ilegal e a atual gestão do órgão. A decisão resultou na exoneração do diretor Alessandro Moretti, o número 2 da agência, e de quatro chefes de departamento.
Os desligamentos foram publicados no Diário Oficial na noite de terça-feira (30/1). Moretti será substituído por Marco Cepik, atual diretor da Escola de Inteligência da Abin e homem de confiança do diretor-geral do órgão, Luiz Fernando Corrêa. Cepik é reconhecido como um dos principais pesquisadores de inteligência no país e autor de livros sobre o tema.
A medida expõe a desconfiança do presidente Lula em relação às estruturas de inteligência do governo desde que retornou ao Palácio do Planalto, em janeiro do ano passado. O presidente tem demonstrado preocupação com a integridade das instituições de inteligência, especialmente após episódios envolvendo membros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência.
A decisão de Lula também reflete o desconforto causado pela postura do diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, que, segundo relatos, minimizou o impacto dos desdobramentos da crise. Corrêa afirmou a interlocutores que "a montanha iria parir um rato", causando incômodo no Planalto.
Juntamente com as exonerações, Lula nomeou sete novos diretores para ocupar as cadeiras vagas, incluindo a Escola de Inteligência. Os nomes não foram divulgados, seguindo a praxe do órgão. Esta foi a segunda queda na cúpula da Abin durante as investigações, sendo a anterior em outubro do ano passado, com a exoneração de Paulo Maurício Fortunato, então número três da agência.
Abin em reforma
Lula, em entrevista, admitiu publicamente pela primeira vez a intenção de promover mudanças na Abin. Ele destacou que, se comprovado que Moretti favoreceu investigados pela PF e manteve relações com o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin no governo anterior, não haveria "clima" para ele permanecer no órgão.
A PF deflagrou uma operação para investigar o suposto aparelhamento político da agência de inteligência e o monitoramento de adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) através da ferramenta de geolocalização First Mile.
A Abin nega qualquer interferência e afirma ser a maior interessada na apuração dos fatos, comprometendo-se a colaborar com as investigações. As mudanças na direção da Abin refletem o esforço do presidente Lula em preservar a integridade e a confiança nas instituições de inteligência do país.
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