Durante esta semana, surgiram desenvolvimentos significativos na investigação relacionada aos presentes oferecidos pela Arábia Saudita ao governo Bolsonaro. Esses avanços incluíram a apreensão de dispositivos celulares, a autorização para a quebra de sigilos bancários e a perspectiva de um depoimento por parte de um dos indivíduos implicados, o que poderá contribuir para esclarecer ainda mais o cenário.
A Polícia Federal quer saber quem mandou vender as joias nos Estados Unidos e quem recebeu o dinheiro, e uma fonte da PF confirmou ao Fantástico que foram encontradas no celular de Mauro Cid mensagens do tenente-coronel com Bolsonaro que indicam que o ex-presidente sabia das tentativas de Cid de vender e depois resgatar as joias.
O programa Fantástico realizou uma cobertura da atividade dos especialistas encarregados da avaliação das joias, visando determinar o valor individual de cada item e verificar sua autenticidade. Essa análise está ocorrendo nas instalações do Instituto Nacional de Criminalística, situado no complexo da Polícia Federal em Brasília. Para conduzir a perícia, foram mobilizados pelo menos quatro laboratórios distintos.
A primeira análise foi feita na caixa de joias femininas, apreendida no Aeroporto de Guarulhos, na bagagem de um integrante da equipe do Ministério de Minas e Energia, na volta de uma viagem à Arábia Saudita. Ele trazia também a escultura de um cavalo feito de liga metálica e folhada a ouro. Já o conjunto de joias femininas, que deu origem à investigação e que seriam destinadas à então primeira-dama Michelle Bolsonaro, é de diamante em tudo que brilha.
Há diamantes de tamanhos diferentes, em forma de baguete, de coração, redondos, e gotas. “Nossa, são excelente qualidade!”, diz Fernanda Claas Ronchi, perita criminal federal, ao ser questionada se as joias são de boa qualidade.
No contexto das joias, não apenas a excelência dos diamantes desempenha um papel crucial, mas também sua quantidade. A análise pericial revelou a presença de 3.161 diamantes exclusivos apenas no conjunto do colar. Cada um desses diamantes passou por uma avaliação individual, e a inclusão da marca, uma renomada joalheria de extrema sofisticação, também contribui para elevar o valor das peças. A estimativa do valor total aproxima-se de cerca de R$ 4,15 milhões.
E tem mais na caixa de joias: um relógio todo de diamantes, da pulseira até o mostrador, e avaliado em R$ 1 milhão. Os outros kits são masculinos – um de ouro branco, outro de ouro rosé –, com caneta, abotoaduras, anel, rosário islâmico e relógio. O relógio mais caro é o rosé, da marca Choppard: R$ 695 mil. A caneta de ouro branco, com 1.120 pequenos diamantes, custa R$ 100 mil.
O Fantástico acompanhou a última etapa da análise do relógio Rolex que faz parte do kit ouro branco e é cravejado com 184 diamantes. “É um feito sob encomenda, de uma série especial. Ele tinha um calibre, um mecanismo especial para ele. Nesse caso, foi muito fácil a gente identificar o relógio”, conta Wilson Akira Uezu, perito criminal federal.
O destaque do conjunto oferecido ao ex-presidente Jair Bolsonaro durante sua visita à Arábia Saudita em 2019 recai sobre o relógio. Antes de serem centralizados nas instalações da Polícia Federal, os conjuntos foram divididos: o Rolex, com seus 184 diamantes, foi comercializado por US$ 68 mil. Adicionalmente, o Patek Philippe, que atualmente encontra-se desaparecido e foi avaliado pela Polícia Federal em US$ 75 mil, também fazia parte do kit.
Ainda há diversas peças que precisam ser unidas, e é possível que surjam novos detalhes dos celulares e computadores confiscados, assim como das contas bancárias cujo sigilo foi autorizado a ser rompido por decisão judicial. Isso inclui contas vinculadas a Jair e Michelle Bolsonaro. As investigações e análises dessas informações ainda estão em andamento e não foram concluídas até o momento.
A equipe jurídica representando Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, optou por não emitir declarações. O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro comunicou sua decisão de assumir a defesa de Michelle Bolsonaro e explicou que, por enquanto, não pretende fazer comentários a respeito da ex-primeira-dama.
Os advogados do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque declararam que todos os esclarecimentos já foram prestados aos fiscais da Receita Federal, em Guarulhos. O Fantástico tentou contato com Frederick Wassef, mas não teve retorno.
(Com informações do programa Fantástico)