Na tarde desta quarta-feira (16), o advogado Ariovaldo Moreira, responsável pela defesa de Walter Delgatti Neto, afirmou que o hacker reiterou perante a Polícia Federal de Brasília, a mesma versão que havia apresentado durante seu depoimento no último mês. Contudo, o hacker também trouxe à tona "novas evidências" para sustentar a alegação de ter recebido pagamentos da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O advogado ainda esclareceu que, até o momento, não existe um acordo estabelecido para a colaboração premiada com a Polícia Federal. Em suas declarações, o representante legal não entrou em detalhes sobre a suposta participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no esquema. Ainda de acordo com Moreia, o hacker afirma com certeza que recebeu cerca de R$ 40 mil de Zambelli, em pagamentos divididos, em troca de seus serviços prestados.
"Ele faz prova de que recebeu valores da deputada", afirmou o advogado. "Segundo Walter, o valor total chega próximo a R$ 40 mil. Foi próximo a R$ 14 mil em depósitos bancários e o restante em espécie", explica.
Delgatti Neto está detido sob a acusação de envolvimento em um ataque direcionado ao sistema do Conselho Nacional de Justiça, com o objetivo de emitir um falso pedido de prisão contra o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes."Ele confirmou a versão dada no mês passado e, além de confirmar, ele produziu mais provas no sentido de que ele está falando a verdade", afirma o advogado Moraes.
Segundo informações da Polícia Federal, Delgatti e Zambelli obtiveram grande êxito em penetrar nos sistemas do CNJ e BNMP (Banco Nacional de Mandados de Prisão) ao empregar credenciais fraudulentas adquiridas de maneira ilegal, no mês de janeiro de 2023. Sendo o principal ato, a inserção de um mandado falso de prisão contra o ministro da justiça Alexandre de Moraes. No documento falsificado constava a seguinte frase: "Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L".
Adicionalmente, foram introduzidos 11 alvarás de soltura referentes a detentos com variadas razões nos sistemas do CNJ e em outros tribunais do Brasil. A investigação conduzida pela Polícia Federal busca esclarecer se a deputada efetuou um pagamento de R$ 3.000 ao hacker Walter Delgatti com o propósito de que ele fabricasse o mandado de prisão falso envolvendo Moraes. A deputada ainda nega qualquer envolvimento nesse contexto.
Delgatti já reconheceu ser o responsável pela intrusão nos sistemas do CNJ e pela elaboração do falso mandado de prisão, atendendo ao pedido de Carla Zambelli. A invasão teria sido uma espécie de compensação para a deputada, que originalmente desejava que ele realizasse a invasão das urnas eletrônicas e também tivesse o acesso as contas de Moraes. Amanhã, em Brasília, Delgatti passará por um interrogatório na CPI do 8 de janeiro.
No dia da prisão do hacker Walter Delgatti Neto, à imprensa, Carla Zambelli chegou a debochar da situação: “Eu pagaria R$ 3 mil pra me arriscar dessa forma, para fazer uma brincadeira de mau gosto? Eu sei o que é certo ou errado e não participaria de uma brincadeira de mau gosto com Alexandre de Moraes”, alega. A deputada ainda se justifica afirmando que o único pedido que fez a Delgatti foi para que ele fizesse um firewall, e ligasse suas redes sociais ao site. Além disso, ela ainda acrescenta que Delgatti não conseguiu realizar o procedimento pedido a ele.