Dinheiro liberado por Ministério de Damares foi parar em empresas de fachada

Os desvios foram identificados em um relatório da CGU, que examinou quatro parcerias estabelecidas nos primeiros anos do governo de Jair Bolsonaro (PL)

Senadora Damares Alves | Geraldo Magela/Agência Senado
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Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, quando sob a liderança da ex-ministra e atual senadora Damares Alves (Republicanos-DF), financiou duas Organizações Não-Governamentais (ONGs) envolvidas em um esquema de desvio de recursos públicos, contratações irregulares e falsificação de documentos. 

Segundo a CGU, o prejuízo aos cofres públicos foi de pelo menos R$ 2,5 milhões, mas o valor pode ser ainda maior, uma vez que a auditoria se restringiu a uma parte dos convênios. Essas duas organizações acumularam mais de R$ 30 milhões em verbas públicas federais, de acordo com informações disponíveis no Portal da Transparência.

Conforme dados levantandos pelo jornal O Estado de S.Paulo e divulgados nesta terça, 11, os recursos repassados pelo ministério deveriam ser utilizados na capacitação profissional de adolescentes, mulheres presidiárias e vítimas de violência. No entanto, esses recursos acabaram sendo destinados a empresas de fachada, cujos sócios eram "laranjas". Uma das organizações beneficiadas possui vínculos com um ex-deputado federal do Rio de Janeiro, mencionado por Damares como seu "amigo" e "pidão".

Os desvios foram identificados em um relatório feito pela Controladoria Geral da União (CGU), que examinou quatro parcerias estabelecidas nos primeiros anos do governo de Jair Bolsonaro (PL) entre o Ministério e as Organizações não governamentais, Instituto de Desenvolvimento Social e Humano do Brasil (IDSH) e Instituto Nacional de Desenvolvimento Humano (Inadh).

Com R$ 11,7 milhões, uma das empresas contratadas foi a Globo Soluções Tecnológicas para fazer a locação de equipamentos como microcomputadores, máquinas de corte, macas, cadeiras de rodas e ônibus. De acordo com os registros da Receita Federala empresa não possui funcionários e tem um barraco em Anchieta, no Rio de Janeiro, como sede. Atualmente, a sócia-administrativa da empresa é Sara Vicente Bibiano, que é apontada como laranja. Durante a pandemia do coronavírus, ela foi beneficiária do auxílio emergencial, destinado a pessoas de baixa renda, o que entra em conflito com os milhões de recursos recebidos por sua empresa.

A CGU explica que a contratação dessa empresa violou os princípios de impessoalidade, e não foi possível comprovar a realização dos serviços. O relatório da controladoria declarou: "Os recursos pagos à Globo Soluções Tecnológicas não foram aplicados de forma regular, pois não restou comprovada sua total execução e estão em desacordo com os princípios da economicidade e da impessoalidade".

Outras empresas que constam no relatório da CGU é a Total Service Rio LTDA, cujo sócio é Clayton Elias Motta, que era também ex-secretário parlamentar do ex-deputado federal Professor Joziel (Patriotas-RJ); e a ONG Inadh, que recebe recurso público desde o ano de  2014 e só nos últimos três anos, faturou R$ 14,9 milhões, que inclui R$ 1,7 milhão pago pelo atual governo. De acordo com a CGU, a  entidade teria fraudado licitações para contratação de prestadores de serviço. 

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