Em meio às recentes operações da Polícia Federal (PF), o Palácio do Planalto observa, de forma benéfica, o enfraquecimento do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), embora não queira criar conflitos com ele. Isso porque o deputado é um entrave na aprovação das propostas e harmonia política entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com siglas do Centrão.
Consciente da importância de Arthur Lira, o governo não deseja entrar em atrito com o indicado do ex-presidente Jair Bolsonro (PL), pois isso desgastaria as articulações no Congresso. No entanto, as revelações recentes e as ações da PF tem deixado o presidente da Câmara em uma posição delicada. O conjunto de evidências colhidas até o momento aponta para a suspeita de que Lira esteja envolvido em um esquema de corrupção relacionado à compra de kits de robótica para escolas do estado alagoano.
Assim como fez o ex-deputado e ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha, Lira exerce seu poder de forma autoritária e coloca pressão sobre o governo petista. Seu poder é resultado de um grupo direitista ao qual está ligado.
Para o governo, o enfraquecimento do parlamentar é considerado um aspecto positivo, pois reduz a pressão política sobre o Executivo. Se a economia permanecer nesse caminho de melhora e a popularidade do presidente continuar crescendo, isso fortalecerá a capacidade de Lula resistir ao embate que Lira frequentemente destrava. Logo, se a influência do deputado se desestabiliza, isso favorece a política de boa vizinhança entre governo e Congresso.
No entanto, não há o risco de um governo frágil como ocorreu com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), visto que a maior parcela do Plenário se mantinha em oposição a sua gestão. Ao contrário, Lula não se encontra nessa mesma situação, pois possui uma posição política estável e favorável.