A Polícia Federal (PF) decidiu adiar o depoimento do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo Bolsonaro, no âmbito da investigação sobre as supostas atividades ilegais de espionagem realizadas dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
A assessoria da PF confirmou o adiamento, porém, não divulgou uma nova data para o depoimento. Segundo apuração do blog da jornalista Andréia Sadi, do site g1, o pedido partiu do próprio Heleno.
Em declarações anteriores, o ex-ministro negou qualquer participação no uso do First Mile, a principal ferramenta da chamada "Abin Paralela". Vale destacar que a agência oficial estava subordinada à pasta que o general comandava.
No dia da operação da PF contra Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin, Heleno afirmou que não havia motivos para a PF intimá-lo, pois já havia prestado esclarecimentos à CPMI dos atos golpistas. Entretanto, após consulta às notas taquigráficas das comissões, não foi encontrada nenhuma declaração de Heleno sobre a Abin paralela.
A suspeita é de que, durante o governo Bolsonaro, a Abin tenha utilizado o software para monitorar ilegalmente autoridades públicas, como governadores e até membros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ministros do STF acreditam que a montagem de uma "Abin Paralela" só teria viabilidade com o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-chefe do GSI, Augusto Heleno.
Alexandre Ramagem, próximo da família Bolsonaro, afirmou que despachava diretamente com Bolsonaro e Heleno, sendo este seu superior hierárquico. Ramagem, que ingressou na PF como delegado em 2005, chefiou a equipe de segurança do ex-presidente na campanha eleitoral de 2018, após o atentado a faca em Juiz de Fora (MG). Ele destacou que tinha contato diário com Heleno e que o general era seu superior hierárquico.
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