Governo Lula regulamenta apostas esportivas para evitar manipulação

Regras devem ser publicadas em medida provisória, que tem validade imediata, mas precisa ser votada pelo Congresso

Governo propõe MP que regula apostas esportivas para evitar manipulação | Joédson Alves/Agência Brasil
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Nesta quinta-feira (11), o Ministério da Fazenda divulgou a proposta do governo para regulamentar as apostas esportivas. A medida deverá ser encaminhada ao Congresso como uma medida provisória, o que significa que as regras já estarão em vigor e haverá um prazo de 120 dias para votação. A MP deve ser assinada pelos ministérios de Fazenda, Planejamento e Orçamento, Gestão e Inovação, Saúde, Turismo e Esportes. 

O governo afirmou que a regulamentação proposta para as apostas esportivas pretende proporcionar maior confiança e segurança aos apostadores, por meio da transparência das regras e da fiscalização. Além disso, as empresas do setor serão tributadas em 16% sobre a receita total gerada por todas as apostas realizadas, descontados os prêmios pagos aos apostadores.

"Assim, os ministérios terão a possibilidade de editar portarias para criar mecanismos que evitem e coíbam os casos de manipulação de resultados", acrescentou o Ministério da Fazenda.

A medida provisória também propõe a criação de uma secretaria no Ministério da Fazenda, que será responsável por analisar os documentos para aprovação das empresas de apostas no país. Além disso, essa secretaria acompanhará o volume de apostas e a arrecadação, o que garantirá um controle maior sobre o mercado de apostas esportivas de quota fixa. 

Governo Lula regulamenta apostas esportivas para evitar manipulação - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A MP estipula que apenas empresas autorizadas poderão aceitar apostas relacionadas a eventos esportivos oficiais, organizados por federações, ligas e confederações. As empresas não autorizadas estarão proibidas de realizar publicidade, inclusive em meios digitais, e serão consideradas ilegais. Será cobrada uma taxa de 16% sobre o Gross Gaming Revenue (GGR), ou seja, a receita total obtida com os jogos, deduzindo-se os prêmios pagos aos jogadores. 

O prêmio recebido pelo apostador estará sujeito a uma tributação de 30% de Imposto de Renda, com uma isenção de R$ 2.112,00. Para garantir maior transparência e fiscalização, a MP estabelece a criação de uma secretaria no Ministério da Fazenda que será responsável pela análise dos documentos de credenciamento das empresas de apostas no país, além de acompanhar o volume de apostas e a arrecadação. A MP também proíbe que administradores e funcionários das próprias casas de apostas, menores de 18 anos, agentes públicos e pessoas ligadas às entidades esportivas, como dirigentes, treinadores e atletas, realizem apostas.

Ministério Público denunciou 16 pessoas acusadas de manipulação em resultados de jogos, incluindo sete jogadores e nove apostadores, e o Tribunal de Justiça de Goiás recebeu a denúncia esta semana. Enquanto isso, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, solicitou à Polícia Federal que abra uma investigação sobre um esquema ilegal de apostas esportivas no futebol brasileiro. Essa ação ocorre em meio à 5ª rodada do Brasileirão, com algumas equipes desfalcadas.

Taxas e Impostos

A MP estabelece que parte da arrecadação proveniente das taxas e impostos será destinada a áreas importantes como segurança pública, educação básica, clubes esportivos e ações sociais. Dos 16% de taxação sobre o Gross Gaming Revenue (GGR), 2,55% serão destinados ao Fundo Nacional de Segurança Pública para ações de combate à manipulação de resultados, lavagem de dinheiro e outros atos de natureza penal que possam ser praticados no âmbito das apostas ou relacionados a ela. Serão destinados ainda 0,82% para a educação básica, 1,63% para os clubes esportivos, 10% à seguridade social e 1% para o Ministério dos Esportes.  

Saúde mental dos apostadores

A MP exige que as empresas de apostas promovam ações preventivas de conscientização dos apostadores e da prevenção de transtornos relacionados ao jogo compulsivo. A intenção é proteger a saúde mental dos apostadores, evitando que as apostas se transformem em um vício.

Além disso, as regras de comunicação, publicidade e marketing, como horários de veiculação de propagandas e formatos de anúncios on-line, serão elaboradas em conjunto com o Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária (Conar). O objetivo é assegurar que as ações de marketing sejam éticas e responsáveis, contribuindo para um ambiente seguro e regulamentado de apostas.

(Com informações do Ministério da Fazenda)

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