Jair Bolsonaro arrecada oito vezes mais do que seu patrimônio declarado

Ex-presidente arrecadou a quantia de R$ 17,1 milhões por meio de transferências Pix, entre janeiro e junho.

Jair Bolsonaro arrecadou a quantia de R$ 17,1 milhões via Pix | EBC
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Em um relatório registrado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), foi revelado que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) arrecadou a quantia de R$ 17,1 milhões por meio de transferências Pix. Esse montante é oito vezes superior ao valor declarado por Bolsonaro em seu patrimônio ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que era de R$ 2,3 milhões, quando se candidatou na eleição anterior. 

O valor arrecadado pelo ex-presidente no Pix foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo. Segundo a publicação, o valor arrecadado também seria suficiente para quitar cerca de 17 vezes as multas que foram impostas aos apoiadores do ex-presidente em um evento de "vaquinha" realizada no mês passado. Essas multas foram resultado de processos judiciais e outras eventuais penalidades.

As transferências milionárias foram realizadas em 769 mil transações, feitas para a conta do ex-presidente durante um período de seis meses, de janeiro a julho deste ano. O Coaf considerou as movimentações atípicas, possivelmente relacionadas à campanha de arrecadação feita por apoiadores para auxiliar Bolsonaro no pagamento das multas judiciais.

Questionado pela imprensa, o ex-presidente limitou-se a afirmar que já conseguiu arrecadar dinheiro suficiente para quitar todas as multas que recebeu e eventuais penalidades futuras. Na época, dados da Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo apontaram que Bolsonaro enfrentaria o pagamento de R$ 1.062.416,65 em sete multas acumuladas nos anos de 2021 e 2022.

O montante arrecadado por Bolsonaro através do Pix também impressiona em comparação com outros gastos ou investimentos. Por exemplo, ele pagaria três vezes o valor das joias doadas pela Arábia Saudita, avaliadas em R$ 5,1 milhões pela Polícia Federal, após serem apreendidas pela Receita Federal durante uma comitiva do governo Bolsonaro no Aeroporto de Guarulhos (SP) em 2021. Além disso, os R$ 17,1 milhões quase equivalem à totalidade do valor que circulou nas contas bancárias de Bolsonaro em 2023, que foi de R$ 18.498.532.

A "vaquinha" para o ex-presidente teve início após o julgamento do TSE que o deixou inelegívelParlamentares do PL foram os principais responsáveis por movimentar a campanha, com deputados federais como Nikolas Ferreira (MG), Mário Frias (SP), Gustavo Gayer (GO), André Fernandes (CE) e o deputado estadual Bruno Engler (MG) pedindo contribuições financeiras através de suas redes sociais.

O relatório do Coaf também trouxe à tona uma movimentação financeira considerada "incompatível" nas contas de uma empresa suspeita de financiar despesas pessoais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A empresa em questão é a Cedro do Líbano Comércio de Madeira e Materiais para Construção, que está sob investigação.

Com informações do Estadão via UOL

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