Nesta segunda-feira (10), o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completa cem dias, porém, tem sido alvo de críticas por parte de aliados. Estes reclamam de obstáculos para o andamento de projetos e da ausência de uma nova identidade para o terceiro mandato do líder petista.
Segundo matéria publicada pela Folha de S. Paulo, ministros e parlamentares que apoiam Lula afirmam que o governo atual retomou programas antigos e tem sido palco de conflitos entre membros da equipe ministerial que discordam publicamente sobre o lançamento de novas propostas governamentais.
Segundo auxiliares do presidente, o slogan do governo é "União e Reconstrução", o que teria motivado a retomada de iniciativas de gestões anteriores, como o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família. Estes programas foram relançados com modificações que os tornam mais robustos, substituindo o Auxílio Brasil.
De acordo com colaboradores de Lula, os últimos meses foram dedicados a "arrumar a casa" e novos projetos devem ser lançados após os primeiros cem dias de governo. Integrantes do núcleo de governo relatam que o presidente terá uma reunião nesta segunda-feira com ministros para reforçar o que já foi anunciado, mas não se espera o anúncio de novidades neste encontro.
Alguns parlamentares e até ministros têm criticado a demora excessiva do governo em colocar a máquina federal para trabalhar. Segundo esses críticos, ainda há muitos cargos vagos a serem preenchidos e poucos recursos foram desembolsados até o momento. Essa morosidade tem sido apontada por integrantes do Congresso como um elemento que dificulta a formação de uma base de apoio ao governo.
Embora o governo tenha justificado a ausência de uma nova marca argumentando que o slogan atual é de reconstrução, o próprio presidente Lula tem demonstrado ansiedade. Na semana passada, ele cobrou seus ministros por uma maior agilidade na entrega de projetos e na ampla divulgação dos programas em execução.
A centralização das decisões pelo presidente Lula e pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, tem sido apontada como um dos fatores que geram demora na execução de tarefas. Em diversas ocasiões, o presidente reforçou publicamente que todas as políticas do governo precisam passar por sua aprovação e pela avaliação da pasta da Casa Civil. Em uma dessas ocasiões, Lula destacou a importância de nenhum ministro anunciar "genialidades" sem a revisão do Planalto.
A composição do ministério, que inclui em grande parte ex-governadores e potenciais candidatos a cargos eletivos em 2026, é apontada como fonte de inquietação interna. Dos 37 ministros, 8 já ocuparam cargos de governador. Alguns integrantes do governo argumentam que esses ex-governadores estavam acostumados a ter a palavra final em suas decisões. Agora, no entanto, precisam aguardar a aprovação da Casa Civil. Isso gera, na avaliação de aliados de Lula, ansiedade nos titulares das pastas por não verem seus programas avançarem tão rapidamente quanto gostariam.
A partir da metade de abril, o governo pretende buscar a aprovação do novo marco fiscal, apresentado por Haddad. Embora tenha sido elogiado pelo mercado, o projeto enfrenta resistência dentro do PT. A expectativa é que seja aprovado, uma vez que será relatado por um aliado de Lira. No entanto, é provável que o texto final a ser aprovado não seja exatamente o mesmo que foi enviado.