O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou oficialmente sua pré-candidatura ao Executivo Federal em evento realizado em São Paulo na manhã deste sábado, 07 de maio; o petista terá ao seu lado o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, filiado ao PSB, e adotou um tom moderado, pregando a união de forças 'contra o totalitarismo'.
"O grave momento que o país atravessa, um dos mais graves da nossa história, nos obriga a superar eventuais divergências", disse, diante de uma imagem da bandeira do Brasil. "Queremos unir os democratas de todas as origens e matizes [...] para enfrentar a ameaça totalitária."
"Eu tenho certeza de que na hora em que começar o trabalho e viajar o Brasil, e conversar com o povo, e que cada um de vocês começar a falar a verdade para esse país, tenho certeza que vamos conseguir fazer a maior revolução pacífica da história que o mundo conhece", acrescentou o petista.
Lula buscou fazer uma contraposição a Jair Bolsonaro, colocando-se como aquele que resgatará o amor, a paz no país, sinalizando que o atual presidente representa o ódio na política. Ao fazer um aceno ao eleitorado evangélico, o petista citou a pandemia da Covid-19, lembrando que Bolsonaro foi incapaz de derramar uma lágrima pelas mortes registradas no Brasil.
"Não é digno do título o governante incapaz de verter uma única lágrima diante de seres humanos revirando lixo em busca de comida, ou dos mais de 660 mil brasileiros e brasileiras mortos pela Covid. Pode até se dizer cristão, mas não tem amor ao próximo".
No discurso, Lula ainda pautou temas sensíveis aos brasileiros, como saúde, desemprego e inflação; lembrando da política de preços da Petrobras, defendeu a soberania energética e responsabilizou o atual governo pelo aumento vertiginoso nos combustíveis e nos itens de modo em geral.
"O resultado desse desmonte é que somos autossuficientes em petróleo, mas pagamos por uma das gasolinas mais caras do mundo, cotada em dólar, enquanto os brasileiros recebem os seus salários em real", disse o ex-presidente, que buscou exaltar legados de sua gestão.
Lula se declarou também a sua noiva, Janja, sinalizando estar apaixonado e ser incapaz de ter qualquer sentimento de revanchismo.
"Não esperem de mim ressentimentos, mágoas ou desejo de vingança", disse Lula em alusão às condenações que sofreu na Operação Lava Jato, hoje anuladas.
Alckmin faz piada e diz que Lula combina com 'chuchu'
Pré-candidato a vice na chapa de Lula, Alckmin também discursou no evento e foi ovacionado pelo público presente. Diagnosticado com Covid, ele não pode participar presencialmente, mas entrou de forma virtual ao vivo da sua residência.
Antigos adversários políticos, eles se unem na tentativa de derrotar Jair Bolsonaro. "Prometemos hoje ao Brasil um governo verdadeiramente democrático. Prometemos ao Brasil usar seu potencial de grandeza para construir a prosperidade que todo brasileiro merece. Prometemos ao Brasil um governo que não mais ignore o sofrimento do seu povo diante de qualquer ameaça. Prometemos jamais por em risco a segurança da biodiversidade, valorizar a riqueza do meio ambiente”.
Por fim, Alckmin fez uma brincadeira com o apelido que lhe foi atribuído em campanhas anteriores: 'chuchu'. O político disse que o desafio é grande, mas que o 'Brasil precisa' da gestão de Lula. “O desafio é grande, mas não desanimemos. Até o final dessa eleição, presidente Lula, vamos estar juntos apoiando e defendendo o seu governo, até que o seu trabalho tenha sido completamente realizado, porque é disso que o Brasil precisa. Presidente Lula, mesmo que muito discordem da sua opinião, de que Lula é um prato que combina com chuchu, eu quero dizer, perante a toda sociedade brasileira: muito obrigado”, concluiu.
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