Relator do Orçamento Geral de 2023 no Congresso Nacional, o senador Marcelo Castro (MDB) concedeu entrevista ao jornal Agora, da Rede Meio Norte, nesta sexta-feira, 06 de maio. Na ocasião, o parlamentar pontuou que atuará em benefício do Piauí e buscará ajudar todos os municípios, independente de posicionamento político.
Castro voltou a indicar que o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas), teria bloqueado recursos que ele havia alocado ou articulado para o Estado, citando o exemplo de R$ 22 milhões que pleiteou junto a senadora Simone Tebet (MDB), que era relatora do Ministério do Desenvolvimento Regional.
“Esse ano coloquei R$ 22 milhões que a Simone Tebet, que ela era relatora do MDR e alocou para a infraestrutura, fazer asfalto nos bairros periféricos de Teresina, mas o presidente Jair Bolsonaro baixou um decreto dizendo que o Ministro da Economia só poderia fazer o veto depois de ouvir o Ministro da Casa Civil, o Ministro da Casa Civil então bloqueou, vetou esses recursos, vetou inclusive os R$ 22 milhões que a Simone havia posto para a PI-392”, afirmou.
De acordo com o senador piauiense, agora, esse veto não será mais possível, e manterá uma atuação correta na destinação dos recursos, alçando o ‘Piauí sempre ao primeiro lugar’. Castro destacou que já ligou para o prefeito Doutor Pessoa, no sentido de conhecer as demandas da capital para ajudar da melhor maneira possível.
”Isso é passado, não tem mais jeito, não conseguimos derrubar o veto, mas agora como relator geral do Orçamento isso não poderá mais ser feito, porque serei eu que vou designar os recursos, mas graças a Deus o Piauí fique tranquilo que vamos trabalhar de maneira correta, de maneira imparcial, não tem essa questão, nunca fiz essa distinção, recursos para o Estado do Piauí qualquer um conte comigo, já liguei para o prefeito Doutor Pessoa, não liguei ainda para o governador porque não tá eleito ainda. O Piauí em primeiro lugar”, disse.
3º cargo de mais disputado do Congresso
Marcelo Castro comentou sobre a responsabilidade de ser o relator-geral do Orçamento do próximo ano, sinalizando que o posto é o mais disputado do Congresso após as presidências do Senado e da Câmara.
“É uma responsabilidade muito grande, se eu fosse classificar, eu diria que o cargo mais importante do Orçamento é o presidente do Congresso Nacional, que é o do presidente do Senado; o segundo mais importante é o presidente da Câmara, abaixo disso daí pelo menos o cargo mais disputado é o de relator geral do Orçamento, porque ele vai relatar o Orçamento do ano vindouro”, constatou.
Segundo o senador piauiense, a relatoria do Orçamento tem um grande poder, tendo em vista as emendas impositivas, ou seja, que devem ser cumpridas pelo Governo Federal.
“É um poder muito grande que tem o relator do Orçamento, principalmente nos últimos anos, em que o Congresso passou a ter uma proeminência maior, porque anteriormente as emendas individuais e de bancadas não eram impositivas, eram autorizativas, nós conseguimos em 2015 a impositividade das emendas individuais, e agora em 2019 aprovamos as emendas de bancadas impositivas, para fortalecer, dar mais autonomia ao Poder Legislativo, e depois vieram as emendas de relator que ganharam uma proeminência muito grande”.
Castro destacou que o importante “é o sentimento que qualquer piauiense em um papel de importância do país, procure ajudar o Estado. “Temos muitos problemas a serem resolvidos”.
Elevação do custeio para o Piauí em R$ 203 milhões
Ministro da Saúde no fim da gestão Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, Castro pontuou que quando esteve no posto buscou ajudar o Piauí de todas as formas, segundo o senador, apenas em Teresina a elevação do custeio foi de R$ 85 milhões ao ano.
“Firmino Filho (ex-prefeito de Teresina, falecido ano passado) me procurou e aumentamos o custeio do município de Teresina R$ 85 milhões; o Governo do Piauí aumentamos em um valor superior; em Parnaíba aumentamos em R$ 15 milhões, o nosso HUT, só o HUT recebe R$ 60 milhões ao ano mais do que recebia quando eu era Ministro”.
O relator-geral do Orçamento aponta que, no total, o Piauí hoje recebe R$ 203 milhões a mais por ano no custeio do que na época anterior a sua atuação no Ministério.
Castro disse que não se ofereceu para ocupar a função. “Tudo na minha vida foram lá as pessoas que chegaram me convidaram e eu aceito”.
Orçamento mais restritivo
Marcelo Castro ainda elencou a diferença do cargo de relator para o de presidente da Comissão Mista do Orçamento, que desempenhou durante o seu primeiro ano no Congresso Nacional. O parlamentar aponta que a importância é bem maior.
“Eu um cargo de maior destaque que você pode ajudar ainda. Como relator tenho a obrigação de ajudar o Piauí muito mais do que ajudei quando era presidente da CMO”.
Mesmo assim, ele indica que conseguiu trazer boas contribuições ao Estado. “Só no Cerrado do Piauí eu aloquei R$ 501 milhões. Hoje, por exemplo, já telefonei para o prefeito Doutor Pessoa, e disse que queria ouvir os pleitos dele, as reivindicações”, frisou.
O senador piauiense acredita que o Orçamento do próximo ano deverá ser bem restrito, por conta da situação fiscal da União, que desde 2015 enfrenta um déficit. “Por onde eu tenho passado tenho deixado uma marca de tudo que eu faço estar discutindo com os outros, vamos dialogar de maneira correta como deveremos alocar os recursos. Sabemos que estamos numa situação fiscal muito difícil, creio que esse vai ser o Orçamento mais restritivo, de 2015 para cá temos todo o ano um déficit primário”.
Prioridades na relatoria do Orçamento
Entre as prioridades de Marcelo Castro está a recuperação de rodovias no Piauí, tal como dar andamento às obras que estão paralisadas.
“Eu tenho muita preocupação com as obras que estão paralisadas, as obras que estão em andamento, com as BRs do Piauí, nós temos um ótimo superintendente no Piauí, que está fazendo um ótimo trabalho, mas obviamente há estradas com buracos, estradas para recuperar”.
Durante a entrevista, o vereador Luiz Lobão lembrou do projeto do Hospital da Mulher, Castro indicou que deverá abraçar ‘a causa’.
“Aliás esse é um compromisso que tenho com o vereador Luiz Lobão, que é uma bandeira que ele tem de muito tempo, e do Doutor Pessoa também e obviamente que uma hora dessas vamos abraçar essa causa”.
Aposta para eleição de deputado federal
Com a fusão cruzada firmada entre o MDB e PSD, em que as candidaturas à Câmara Federal ficarão concentradas no PSD, o senador Marcelo Castro sinalizou que o grupo deve eleger três parlamentares.
Segundo Marcelo Castro, a previsão é realista. “O meu pai que é um político velho experiente, e disse que todo candidato está eleito, só perde depois da eleição. No cálculo realista e eu costumo acertar, é que nós faremos três deputados federais”.
Vale indicar que entre as pré-candidatas está a do seu filho, ex-diretor do DER Castro Neto e do atual deputado federal Marcos Aurélio Sampaio, filho do presidente da Assembleia Themistocles Filho.
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