O ministro Alexandre de Moraes, membro do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou que a Polícia Federal (PF) trouxe evidências substanciais sobre um "processo de planejamento e execução de um golpe de Estado". Segundo Moraes, existem elementos que indicam que um "grupo criminoso" agiu de maneira "coordenada e estruturada" para promover uma ruptura institucional.
Moraes elaborou essa análise em resposta a uma solicitação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre sua decisão da semana anterior que concedeu autorização para a Operação Tempus Veritatis, responsável por investigar uma tentativa de golpe de Estado. O ministro esclareceu que não proibiu a comunicação entre advogados e investigados, mas sim que estes não atuem como intermediários durante o processo.
Ao falar sobre a operação, Moraes declarou que a representação apresentada pela PF foi "devidamente amparada por robustos elementos de informação".
"A representação policial, devidamente amparada por robustos elementos de informação, indica o funcionamento de um grupo criminoso que, de forma coordenada e estruturada, atuava nitidamente para viabilizar e concretizar a decretação de medidas de ruptura institucional. A Polícia Federal aponta provas robustas de que os investigados concorreram para o processo de planejamento e execução de um golpe de Estado", escreveu o ministro.
A operação teve como base mensagens de textos, a gravação de uma reunião ministerial, registros de entradas em prédios públicos, dados de celulares e até pedidos de Uber. Diálogos entre tenente-coronel Mauro Cid e o coronel Marcelo Câmara, ex-assessores de Bolsonaro, indicam, por exemplo, que o ministro Moraes tinha seus passos monitorados pelo grupo suspeito de planejar um golpe.
Mensagens e registros de entrada no Palácio da Alvorada também confirmam relato feito por Cid, em sua delação premiada, sobre a elaboração de uma minuta de decreto golpista. Como revelou O GLOBO, o ex-ajudante de ordens disse que o então presidente apresentou aos comandantes das Forças Armadas um documento com uma proposta de intervenção militar e que o ex-presidente inclusive sugeriu alterações no documento.