A Polícia Federal (PF) solicitou para o Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra de sigilo bancário e fiscal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O pedido faz parte do inquérito que investiga a tentativa de venda de joias e presentes recebidos ao longo de seu mandato. A PF investiga uma possível ligação entre o ex-presidente e a venda de joias e objetos de valor realizada por assessores de Bolsonaro.
Entre os principais casos, consta a tentativa de venda de uma caixa de joias dada ao ex-presidente pelo governo da Arábia Saudita. A negociação teria sido intermediada por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, com uma loja de artigos de luxo em Nova York, Estados Unidos.
Nesta sexta, a PF realizou operações contra suspeitos de vender ilegalmente joias e presentes recebidos por Jair Bolsonaro no exercício da Presidência. O valor de transações pode ter superado R$ 1 milhão. Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em Brasília (DF), São Paulo (SP) e Niterói (RJ).
Michelle Bolsonaro também deve depor
A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro também deverá ser convocada para depor. De acordo com um diálogo de Mauro Cid, divulgado nesta sexta pela PF, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (PL) falou de uma joia que já teria ido “com a dona Michelle”.
De acordo com relatório da PF, mensagens trocadas entre o ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Marcelo Câmara, e Mauro Cid, afirmam que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro “sumiu” com um dos presentes recebidos pelo então chefe do Executivo.
“As mensagens revelam que, apesar das restrições, possivelmente, outros presentes recebidos pelo ex-Presidente JAIR BOLSONARO podem ter sido desviados e vendidos sem respeitar as restrições legais, ressaltando inclusive que ‘sumiu um que foi com a DONA MICHELLE’”, diz Câmara.
O que diz a PF
Segundo consta em relatório da PF, os itens de luxo foram publicados no catálogo de Dia dos Namorados da Fortuna Auction, em 30 de janeiro, com preço estimado entre US$ 120 mil e US$ 140 mil. O leilão da peça aconteceu no começo de fevereiro.
Segundo a PF, a venda das joias foi realizada por assessores de Bolsonaro depois que eles tomaram conhecimento da decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) para a devolução dos itens.
Dados da investigações apontam que “há fortes indícios de que os investigados usaram a estrutura do Estado brasileiro para desviar de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao presidente da República”.
Em decorrência das investigações, a PF deflagrou, nesta sexta-feira (11/8), uma operação que mira Mauro Cid, o pai dele, general Mauro César Lourena Cid, e o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef.