A prévia da arrecadação do governo federal em janeiro aponta para um crescimento real de aproximadamente 6%, com a entrada de R$ 280 bilhões nos cofres federais, conforme dados do portal Siga Brasil, divulgados pela Folha de São Paulo.
O desempenho das receitas no primeiro mês do ano chamou a atenção dos analistas econômicos, especialmente após o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, revelar em entrevista à Folha que o resultado superou as expectativas, levantando a possibilidade de um bloqueio zero de despesas na primeira avaliação do Orçamento deste ano.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também destacou que o resultado surpreendeu positivamente sua equipe. Apesar da surpresa positiva, analistas recomendam cautela à equipe econômica de Haddad e consideram que o resultado ainda não elimina a necessidade de bloqueio de despesas.
Técnicos do governo, ouvidos pela Folha, apontam que além do ingresso extraordinário de recursos com a mudança na tributação dos fundos dos super-ricos, há também um componente estrutural no desempenho das receitas, cujo diagnóstico ainda está em estudo.
O fator que pode indicar uma maior dificuldade para a necessidade de bloqueio das despesas na primeira avaliação do Orçamento, no final de março, é o limite de gastos previsto no novo arcabouço fiscal, de acordo com os técnicos a par do assunto no governo.
Dados do Siga Brasil, analisados pelo economista da área fiscal da XP Investimentos Tiago Sbardelotto, apontam que a arrecadação de R$ 280,3 bilhões em janeiro ficou R$ 10 bilhões acima do previsto no Orçamento de 2024, aprovado pelo Congresso no final de dezembro. “É animador e bem significativo o crescimento real de 6% da arrecadação”, disse Tiago Sbardelotto.
Segundo ele, a arrecadação do Imposto de Renda sobre rendimento de capital registrou uma alta de 25%. É esse item que reflete o ingresso de receitas extraordinárias com a mudança na tributação dos fundos exclusivos.
O Siga Brasil é um sistema de informações sobre Orçamento federal, mantido pela Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle (Conorf) e pelo Prodasen (área de tecnologia) do Senado, facilitando o acesso ao Siaf (Sistema Integrado de Administração Financeira) do governo.