Nesta quarta-feira (02), a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) se tornou o mais recente alvo de uma operação conduzida pela Polícia Federal (PF). A parlamentar é um membro proeminente do grupo de bolsonaristas, tanto dentro como fora do cenário político, que está sob observação constante através de investigações policiais, ações legais e processos judiciais.
Essa última investida da justiça se concentra nas ações vinculadas tanto à sua conduta durante as eleições quanto ao seu possível envolvimento nos eventos golpistas de 8 de janeiro, incluindo incentivo e repercussão. Isso ocorre em meio a uma série de outras investigações que a acusam de atividades como a disseminação de notícias falsas durante a pandemia e ataques à democracia.
O rol de indivíduos sob investigação inclui, além de Zambelli, o blogueiro Oswaldo Eustáquio Filho e os próprios filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): Flávio (senador) e Eduardo (deputado federal).
No cerne das suspeitas em relação a Zambelli, está a possível ligação dela com a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a introdução de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
Enquanto isso, no caso de Eustáquio, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, emitiu uma ordem na última segunda-feira (31/7) para que o nome do blogueiro fosse incluído na lista vermelha da Interpol. Essa ação, agora em vigor, coloca Eustáquio em uma posição passível de prisão em qualquer país, com a possibilidade de extradição.
As acusações contra ele envolvem seu papel em atividades antidemocráticas, tanto anteriores quanto relacionadas aos ataques golpistas. Como resultado, Eustáquio teve sua prisão decretada, suas contas bloqueadas e atualmente está foragido.
Cem dias após o vandalismo do 8 de janeiro, quando extremistas invadiram as sedes dos três poderes em Brasília (DF), o STF deu início ao julgamento de uma centena de acusados de tentativa de golpe de estado naquela ocasião. Notavelmente, entre esses acusados, estão os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro: Flávio e Eduardo.
Segue abaixo a lista de outros parlamentares bolsonaristas que estão sendo investigados pela Corte devido à sua conexão com os eventos de 8 de janeiro:
- Clarissa Tércio (PP-PE);
- André Fernandes (PL-CE);
- Silvia Waiãpi (PL-AP);
- Rubia Fernanda Diniz Robson Santos de Siqueira, que se apresenta como “Coronel Fernanda” (PL-MT);
- Gilberto Gomes da Silva, ou “Cabo Gilberto Silva” (PL-PB);
- Eliéser Girão Monteiro Filho, ou “General Girão” (PL-RN);
- Geraldo Junio do Amaral, ou “Cabo Junio Amaral” (PL-MG);
- Otoni de Paula (MDB-RJ);
- Bia Kicis (PL-DF);
- Filipe Barros (PL-PR);
- Luiz Phelippe de Orleans e Bragança (PL-RJ);
- Guiga Peixoto (PSC-SP).
Alguns casos
Além dos processos judiciais, no ano de 2022, diversos parlamentares bolsonaristas foram alvo de denúncias junto ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
- Bia Kicis foi acusada por Psol e PT de incitar um motim da Polícia Militar da Bahia, insultar o Supremo Tribunal Federal e criticar a recomendação do uso de máscaras de proteção através de suas mídias sociais (Representações 5/22 e 6/22);
- Carla Zambelli foi acusada pelo PT de disseminar informações falsas sobre a pandemia de Covid-19 em suas mídias sociais (Representação 7/22);
- Éder Mauro foi acusado por Psol e PT de desrespeitar as deputadas Fernanda Melchionna (Psol-RS) e Maria do Rosário (PT-RS) durante uma reunião da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (Representação 9/22);
- Eduardo Bolsonaro foi acusado por PT, PDT, PSB e Psol de desrespeitar parlamentares do sexo feminino e fazer declarações contrárias ao uso de máscaras de proteção em suas mídias sociais (Representações 2/22, 4/22 e 8/22).
Outros bolsonaristas inseridos
Vale destacar que durante a gestão Bolsonaro, diversos indivíduos associados ao ex-presidente já estavam sob investigação e enfrentavam acusações (com alguns chegando a serem presos). Alguns destes nomes foram posteriormente incluídos nos inquéritos que tratavam das notícias falsas e das atividades de milícias digitais, que tiveram início no STF no começo de 2020 sob a supervisão de Moraes.
Isso inclui casos como o do deputado federal Marcos Antônio Pereira Gomes, também conhecido como Zé Trovão (PL-SC). Embora tenha sido detido em setembro de 2021 por incitar manifestações antidemocráticas, ele recebeu prisão domiciliar em dezembro do mesmo ano e, posteriormente, Moraes revogou as medidas cautelares impostas ao parlamentar em maio.
Outros indivíduos ligados a essa mesma época também se encontram sob investigação, incluindo Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, ex-deputado Daniel Silveira, blogueiro Allan dos Santos, ex-deputado Roberto Jefferson, extremista Sara Giromini, conhecida como Sara Winter, blogueiro Wellington Macedo e Márcio Giovani Niquelatti, mais conhecido como professor Marcinho.
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