O ex-presidente da Câmara Municipal de Campo Formoso, na Bahia, o vereador José Alberto de Carvalho Pereira, conhecido como Zé Lambão, foi condenado a 20 anos e seis meses de prisão em regime fechado pelo crime de homicídio. A decisão foi anunciada nesta quinta-feira (26) durante o julgamento realizado pelo Tribunal do Júri, em Salvador.
A condenação foi pelo assassinato de André Luiz de Oliveira Coelho. O júri considerou o crime como homicídio qualificado, motivado por razões fúteis e com dificuldade de defesa para a vítima, além do porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. A defesa do vereador ainda pode recorrer da sentença.
O crime aconteceu no dia 7 de novembro de 2016, após uma discussão entre o vereador e a vítima em um bar na zona rural de Campo Formoso. A briga teria sido motivada por uma cobrança de promessas eleitorais não cumpridas, como a falta de abastecimento de água potável no distrito de Poços. Após o desentendimento, o vereador foi até sua casa, pegou uma pistola Taurus PT.40, e retornou ao local, onde disparou oito tiros contra André Luiz, que morreu na hora. Na época, Zé Lambão foi preso em flagrante.
Devido à influência política do réu na cidade, o julgamento, inicialmente marcado para Campo Formoso, foi transferido para Salvador, evitando interferências no Conselho de Sentença. Segundo o promotor de Justiça Marco Aurélio Nascimento Amado, o caso chamou atenção pelo poder político do vereador na região.
“A condenação do vereador é um marco importante, não apenas para a cidade de Campo Formoso, mas para a Bahia como um todo, reafirmando o compromisso do Sistema de Justiça em punir crimes graves, independentemente da posição social ou política do réu”, declarou o promotor.
Zé Lambão já havia sido envolvido em outro caso de violência em julho de 2020, quando sua filha, Rafaella de Carvalho Pereira, de 18 anos, o acusou de agressão. A jovem usou as redes sociais para denunciar que havia sido agredida pelo pai durante uma discussão enquanto a família estava em uma propriedade rural. Com marcas de ferimentos no rosto e corpo, Rafaella relatou que foi agredida após pedir para sair do local.
"Eu comecei a chorar e pedi a minha amiga para me buscar. Pedi para minha madrasta para me deixar na cidade do lado e ele se estressou porque eu estava chorando e fez isso comigo", descreveu.
Rafaella também afirmou que as agressões do pai não eram novidade, lembrando que presenciou situações semelhantes envolvendo sua mãe.
"Eu esperava, né? Porque eu vivi 18 anos vendo ele fazer isso com minha mãe a vida inteira. Ele é um monstro, um lixo, e hoje aconteceu comigo. Eu decidi não me calar", desabafou a jovem. Ela solicitou uma medida protetiva contra o pai após o episódio.