O vice-prefeito de Estocolmo, Jan Jönsson, membro do Partido Liberal (centro-direita), viralizou nas redes sociais ao promover uma ação contra a intolerância ao se vestir de drag queen durante um encontro com crianças.
A motivação para essa campanha surgiu após críticas dos Democratas Suecos, partido de extrema-direita, contra drag queens que realizam leituras de livros para crianças em bibliotecas e participam de eventos no teatro principal de Estocolmo, como o político explicou em entrevista à Agência AFP. Essas atividades são realizadas no país desde 2017.
Jan Jönsson explicou que decidiu se tornar uma espécie de "quadro" para drag performers, com o objetivo de defender a liberdade de expressão e afirmar que todos devem ter o direito de se expressar livremente. Ele ressaltou que certos partidos políticos tentam restringir as liberdades dos outros, especialmente das drag queens.
O vice-prefeito espera que essa iniciativa faça com que as pessoas compreendam que a Suécia deve ser um país livre e que as restrições impostas a drag queens e outras formas de expressão são prejudiciais.
A controvérsia em torno do tema se intensificou quando o líder dos Democratas Suecos, Jimmie Åkesson, afirmou, em um debate televisivo em maio, que considerava "insano" o gasto do dinheiro dos contribuintes em sessões de leitura para crianças por drag queens.
Um vídeo publicado por Jönsson no Twitter mostra-o vestido como drag queen, com maquiagem, peruca estilo Marilyn, vestido florido e salto agulha. Nas imagens, o líder da centro-direita aparece cercado de crianças, lendo um trecho do livro "Os Irmãos Coração de Leão", da famosa autora sueca Astrid Lindgren..
Em suas declarações, ele ressalta que as histórias e as drag queens não representam perigo para as crianças, mas o populismo e a intolerância sim. Ele reforça a importância de promover um ambiente acolhedor e livre de preconceitos para crianças e adultos.
Além das declarações e do vídeo no Twitter, o vice-prefeito também se manifestou no Instagram, relatando a reação das crianças ao seu visual e enfatizando a importância de permitir que cada pessoa decida o que é divertido em sua vida, desde que não prejudique, ofenda ou force ninguém.
De acordo com o vice-prefeito, a intenção dessa ação e do debate gerado é mostrar como uma forma de arte, como o drag, está sendo demonizada sob o pretexto de ser prejudicial para as crianças, mas na realidade, busca-se tornar as pessoas LGBTQ+ e especialmente as pessoas trans suspeitas. Segundo o vice-prefeito, é uma tentativa equivocada de afirmar que as histórias realizadas nas bibliotecas da cidade de Estocolmo são prejudiciais às crianças. Pelo contrário, o gestor defende o programa intitulado "Bland drakar och dragqueens" (https://blanddrakarochdragqueens.se/), realizado nas bibliotecas da cidade desde 2017, tem atraído grande público e recebeu vários prêmios, incluindo o prêmio de Construtor do Povo do Ano de 2022.
"A intolerância, a xenofobia e a homofobia, por outro lado, têm prejudicado os sonhos e ambições de muitas pessoas ao longo dos séculos. E isso não tem relação com drag queens", concluiu.