Um dos representantes do Brasil, integrando o Consórcio Brasil Verde, na COP26, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas que ocorre em Glasgow, na Escócia, o governador Wellington Dias (PT) disse que estudos apresentados na conferência mostram que os intervalos entre as secas no Piauí e no Nordeste foram reduzidos de 30 para dez anos e a temperatura de Teresina e outros municípios piauienses aumentarão do pico de 45 graus Celsius para 50 graus Celsius até 2050.
Wellington Dias declarou que vai apresentar na COP26 Edital PRO Verde, com captação prevista de U$ 8 milhões, sendo U$ 8 por árvore para iniciar iniciar plantio no primeiro trimestre de 2022, num total de 1.000.000 de novas árvores nos cinco principais biomas do Piauí: Cerrados, Amazônia, Caatinga e Mata Atlântica.
"Os recursos serão aplicados na coleta de sementes nativas pelo povo nativo destas regiões em um casamento do ambiental combo social. Vamos pagar para famílias de baixa renda, para produção de mudas de plantas nativas de cada bioma e frutíferas, para agro florestas, gerando renda na produção e cultivo de árvores e ainda com perspectiva de renda com produção de frutas típicas destes biomas", disse Wellington Dias.
Meio Norte - Com a ausência do presidente Jair Bolsonaro, COP26, como o senhor e os outros governadores irão representar o Brasil na Conferência de Mudanças Climáticas?
Wellington Dias - Acompanhei desde Copenhague, quando eu estava no parlamento federal (deputado federal e depois senador pelo Piauí), e pelo Fórum dos governadores do Brasil, até a COP 15, quando o Brasil liderou com outros países os entendimentos para elevação da temperatura não ultrapassar 1,5 grau e um conjunto de metas para o mundo de preservação de reservas nativas e ainda política contra desmatamento ilegal.
Hoje chegaremos na COP 26, para defender com o Fórum dos Governadores do Brasil e representarei os Estados pelo Bioma Caatinga, e defesa firme para que o Brasil não dê passos para trás.A novidade é que chegaremos desta vez de forma propositivo, a ausência de propostas concretas do governo central do Brasil e o retrocesso que tivemos e até desmoralização na área ambiental, não cabe mais só promessas não cumpridas. Vamos chegar na Escócia como Consórcio Brasil Verde, uma carteira de nove projetos das cinco regiões do Brasil e principais biomas, e propostas efetivas pelos estados brasileiros e Distrito Federal.
Meio Norte - O que o senhor vai apresentar durante a COP26?
Wellington Dias - Teremos um encontro de lançamento do consórcio as 18h na quinta-feira na área das entidades da sociedade civil.
Ao lado do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, vamos na COP26 mostrar o que os estados brasileiros estão fazendo sua parte na defesa do meio ambiente.
Meio Norte - Quantos e quais os governadores que participarão da COP26?
Wellington Dias: Somos 11 governadores, dois de cada região e o governador Casa Grande que ficou como coordenador do Brasil Verde. Foram definidos os coordenadores por bioma: Caatinga-Wellington Dias; Mata Atlântica-João Doria(São Paulo); Pampa-Eduardo Leite (Rio Grande do Sul); Cerrado-Ronaldo Caiado(Goiás); Pantanal-Mauro Mendes(Mato Grosso); e Amazônia-Helder Barbalho(Pará). O primeiro grupo vai para a primeira parte do evento, entre 30/10 a 05/11/21, os estados são Espírito Santo; São Paulo; Rio Grande do Sul; Mato Grosso; Ceará; e Rio Grande do Sul.
O outro grupo está na segunda parte do evento, de 05/11 a 12/11/21 - e são os estados de Santa Catarina, Pernambuco, Pará e Minas Gerais.
Os governadores destes 11 Estados - outros vão participar de forma virtual de 3 eventos com movimentos sociais, entes subnacionais e apresentação do Compromisso dos Estados Brasil Verde.
Meio Norte - Quais os projetos ambientais que o Piauí vai apresentar na COP26?
Wellington Dias - Apresentarei pelo Piauí o Edital PRO Verde”, com captação prevista de U$ 8 milhões, sendo U$ 8 por árvore e que já vamos iniciar iniciar plantio no primeiro trimestre de 2022, num total de 1.000.000 de novas árvores nos cinco principais biomas do Piauí: Cerrados, Amazônia, Caatinga e Mata Atlântica. Os recursos serão aplicados na coleta de sementes nativas pelo povo nativo destas regiões em um casamento do ambiental combo social. Vamos pagar para famílias de baixa renda, para produção de mudas de plantas nativas de cada bioma e frutíferas, para agro florestas, gerando renda na produção e cultivo de árvores e ainda com perspectiva de renda com produção de frutas típicas destes biomas. Compromisso do Piauí é de produção de 5 milhões de novas árvores em 5 anos. Já estamos executando projeto em andamento para 1.360.000. Com o Consórcio Nordeste serão 5 milhões de novas árvores, com o Mapa Biomas e Câmara
Técnica dos nove estados pelo Consórcio Nordeste, num total de 45 milhões de novas árvores só no Nordeste. Serão chamados a participar deste esforço, contribuindo com US$ 8,00 por nova árvore, toda a sociedade, pessoas físicas, jurídicas e fundos e governos do Brasil e do Mundo. O Fundo Estadual do Meio Ambiente é formado com receitas do tesouro do Estado e captações / doações, garantirão as metas estabelecidas.
Meio Norte - O Piaui vive em uma região de temperatura e climas extremos. Os estudos feitos para a COP26 apontam que mudanças climáticas devem ocorrer no Piauí. Vamos que secas mais severas ou inundações?
Wellington Dias - No mundo inteiro ainda temos os incrédulos sobre a clara ameaça à vida, no ritmo atual de desequilíbrio do planeta Terra, mas cresceu e já é majoritário o pensamento de que as mudanças climáticas são parte de uma dura realidade e desafio da humanidade. Temos pouco tempo para garantir condições de vida no planeta, ou mais 5 graus de elevação média da temperatura e a vida humana já não resistirá no planeta, com todos os efeitos advindos desta mudança.
Assim o mundo, que hoje acha natural pagar por água, e alimentos, vai ter que achar natural pagar por oxigênio, por captação de CO2 e, assim, o Piauí se apresenta como alternativa de região do mundo que pode contribuir preservando o que temos de reservas nativas num patamar maior do que outras regiões do mundo porque ainda temos cerca de 2/3 da nossa área territorial como reserva natural, do jeito que Deus nos deu. Isto tem um preço e a pactuação é o Fundo Mundial com a tributação de tudo que emite CO2, uma pequena contribuição tributária, e pagamento para quem decidir manter preservado reservas naturais e ainda plantio em áreas queimadas ou devastadas. E nós com o PRO Verde Piauí, estamos dispostos a este caminho. Quem tem uma área pública ou privada, tem a opção de desmatar para gerar produção tradicional ou alguém paga para manter intacta, preservar e ainda gerar riquezas e renda com responsabilidade ambiental: frutas, aves, apicultura, pescados etc. É a nova sustentabilidade ambiental e social do Piauí.
Meio Norte - Por que o Piauí corre risco com as mudanças climáticas?
Wellington Dias - Por que o Piauí? Por que o risco para nós também é maior, se seguir aumentando a temperatura. Se já chegamos a 45 graus ou mais em alguns municípios como Teresina e outros, imagine com mais 5 graus, com 50 graus? Muda tudo. Assim, o nosso compromisso com o Acordo de Paris é proteção primeira para nosso povo, mas também com outras pessoas e lugares do Brasil e do mundo.
Meio Norte - Quais são as mudanças climáticas mais sérias que o Piauí deve enfrentar?
Wellington Dias - Todos os estudos não contestados apontam que no ritmo atual é possível mais 5 graus de elevação bem ali em 2050, daqui a 29 anos. Reduzir para um máximo de 1,5 graus, é o que a ciência diz que com muitos cuidados, com a proteção dos olhos, prevenção a câncer de pele etc. Ainda temos chances de resistir. Estamos falando do ser humano, mas e os rios? Lagos com maior evaporação? E as plantas, aves e animais menos resistentes a altas temperaturas?
Meio Norte - Neste quadro, onde o Piauí se enquadra?
Wellington Dias - O Piauí e a região Nordeste, o efeito maior será por elevação da temperatura que já é muito elevada, pois estamos próximos da linha do equador. Mas regiões baixas do litoral podem sofrer com elevação das águas do mar, com derretimento maior das geleiras e todos sofrerão com desequilíbrio do planeta: secas longas em prazos mais curtos, já é uma realidade. A chamada Curva de Didier, nome do cientista que coordenou equipe de cientistas e divulgou estudo sobre últimos 100 anos, mostra que no Piauí e no Nordeste do Brasil, ampliou a área atingida pelas secas, chegando ao Maranhão, norte dos Espírito Santo e de MG e até do Tocantins. E encurtou o tempo de uma longa seca para outra, era a cada 30 anos e agora a cada 10 anos. Mais incêndios, menos árvores e maior temperatura. A responsabilidade é grande.
Pelo Consórcio Nordeste criamos a Força Integrada de Bombeiros e Defesa Civil, que estamos estruturando, e o grupo Leonardo da Itália é um importante parceiro.
Além dos períodos de seca, já enfrentamos também enchentes mais pesadas e até ventanias que se aproximam dos furacões. Vai piorar? Digo que lidamos com o desconhecido. É melhor não pagar para ver. No Parque Nacional da Serra da Capivara, apoiei iniciativa da Doutora Niede Guidom e outros para implantar o Museu da Natureza. É pioneiro no mundo, um museu que conta a história das mudanças climáticas, pela lógica da ciência, e lá aprendemos que a última mudança climática, os culpados foram os grandes animais e morreram todos. Agora, os prestadores do planeta Terra, a casa de todos nós, são os serem humanos. Pagaremos com a própria vida ? Eu não posso ser egoísta, você não pode ser egoísta. Queremos viver e ver crescer num planeta saudável, nosso filhos e netos e netas e bisnetos… mesmo que já viveu muito. É um compromisso inter geracional. Estarei sempre do lado da vida! E que Deus nos abençoe para um entendimento e ações concretas na COP 26 e passos seguintes.
Meio Norte - Como o senhor analisa a decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de não participar da COP26?
Wellington Dias - O presidente Jair Bolsonaro é como aquele menino isolado do mundo. Com todo respeito, e peço desculpa às crianças, pelo exemplo. Mas ele está apartado do Brasil e seus compromisso humanitários: é assim no meio ambiente, ele desdenha e segue como incendiário; da mesma forma na pandemia, que contribuiu para a maior mortalidade do planeta, mais de 600.000 seres humanos morreram, pela média do mundo, o Brasil permitiu que o Coronavirus matasse quase 4 vezes mais que a média do mundo; é assim na liberação de arma de fogo e munição seguindo na linha do interesse do crime organizado. O que tem em comum? A morte como objetivo. A vida para ele não vale nada. A imagem do Brasil, representada por ele, foi para o ridículo, é o presidente da República Federativa do Brasil. Mas com os dias contados. Mandato termina em dezembro de 2022, daqui a menos de 14 meses. Eu quero meu Brasil de volta.