O Conselho Tutelar de Teresina também está acompanhando o caso do bebê Wesley Carvalho Ferreira de 1 ano e 10 meses que foi morto após ter sido queimado durante um ritual realizado pela família a mando de um suposto profeta. Na noite de segunda-feira, 21 de fevereiro a Polícia Civil realizou a prisão da mãe, Angela Valeria Ferreira, de 21 anos, do pai e dos avós paternos acusados do crime.
Em entrevista à reportagem, a conselheira Socorro Arraes informou que desde quando a equipe foi informada sobre esse caso percebia que a história estava desconexa. “Quando nós ficamos sabendo do caso foi por uma pessoa da rede e nós pedimos que a família da mãe do bebê procurasse a polícia porque se tratava naquele momento de um suposto sequestro, mas a gente percebia que a história estava tirada do contexto, a conta não fechava. Fomos até o povoado conversamos com as pessoas, voltamos na casa e encontramos a mãe do bebê, ela contou a mesma história, que tinha sido um sequestro, mas eu disse que precisávamos deixar uma notificação para que ela fosse ouvida na sede do Conselho Tutelar”, informou.
“A gente sentiu que a mãe tinha um medo, o medo dela era visível de contar fosse o que fosse. Quando ela veio na segunda-feira na sede do Conselho nós conversamos com ela, deixamos ela bem a vontade e ela nos disse que ia contar a verdade, que não aguentava mais e a versão que ela contou foi que durante vários dias esse profeta que é da família do esposo, tio do Wesley, irmão do pai do Wesley fez um ritual com a família e que durante o ritual ela disse que achava que era só para os adultos e não para as crianças, por conta disso queria fazer o mingau da criança, mas eles disseram que não, que era em jejum e ninguém podia comer, nem beber e nem banhar. Ela disse que ficou preocupada, a gente vê que ela tem um déficit psicológico, eu acho que ela tem que ser encaminhada para um psiquiatra porque ela esta muito cheia de conflitos”, declarou.
OUTRAS CRIANÇAS
Segundo Socorro Arraes, no local haviam outras crianças participando do ritual feito pelo suposto profeta. “Lá também tinha outras crianças, a vizinha nos contou que ouvia muito choro de criança próximo ao local. Nesse dia que o Wesley veio a óbito, ela disse que ele começou a chorar e ela ficou acalentando ele no braço. Em seguida, ela pediu para a sogra fazer um mingau e ela disse que não podia, só quando terminasse o ritual para quebrar a magia negra que tinham feito e jogado contra eles. Ela disse que quando o bebê desfaleceu ela entregou a criança para o pai e disse ‘pelo amor de Deus leve para o médico’. Depois disso saíram o pai, o que se intitula profeta e o avô, ela disse que eles não demoraram e voltaram logo em seguida. Aí ela perguntou pela criança e o pai falou: ‘Nós jogamos na caeira’. Ou seja, a criança deve ter desmaiado porque estava com fome e possivelmente foi jogado na caeira ainda vivo”, pontuou.
CABELO CORTADO
Depois do óbito da criança, a mãe ainda teve o seu cabelo cortado no ritual. Em seguida, a família do pai de Wesley informou que ela teria que dizer para quem perguntasse, que o menino havia sido sequestrado.
“O cabelo dela era grande e foi cortado depois da morte da criança. Ela disse que cortaram para colocar no ritual. Começaram a dizer para ela a história que o bebê tinha sido sequestrado e ela foi falando, ela nos relatou que não contou a verdade porque o profeta mora junto com eles e foi constantemente ameaçada”, disse.
A família de Angela começou a procurá-la, visto que ela estava sem dar notícias e nem respondia mensagens já que seu celular também foi jogado no fogo. “A família dela estava buscando por ela, nessa altura eles já tinham deixado o povoado que moravam e estavam morando na região do Planalto Uruguai. A irmã dela encontrou o novo endereço e nos relatou que encontrou a irmã saindo de dentro de um quarto com aparência de quem estava dopada. Perguntaram pelo bebê e ela contou a versão do sequestro. Ela estava sob domínio deles, eu não estou isentando ela da culpa, estou contando o que ela nos contou, agora eu acho que ela tem que ser encaminhada para um psiquiatra”, finalizou Socorro Arraes.