José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Cúpula do Brics pode trazer o esperado equilíbrio nas relações entre nações

Evento marcado para acontecer durante três dias dessa próxima semana, de 22 a 24 de agosto, em Joanesburgo, na África do Sul

Três consequências importantes poderão advir da cúpula dos Brics, evento marcado para acontecer durante três dias dessa próxima semana, de 22 a 24 de agosto, em Joanesburgo, na África do Sul. No momento em que esse grupo formado pelos países emergentes busca retomar sua importância no contexto mundial, a primeira questão a modular as discussões entre os líderes nacionais, será o rebalanceamento do poder hegemônico global, há tempos nas mãos de Estados Unidos e nações europeias. 

Esse primeiro ponto dos debates que dominarão a Cúpula, o de fazer uma revisão acerca do domínio histórico dos países desenvolvidos sobre os demais, certamente puxará uma outra questão significativa. Trata-se da expansão do próprio Brics, acolhendo ou não as propostas de admissão de mais 22 países que já manifestaram formalmente o desejo de integrar o grupo. 

O terceiro aspecto importante a dominar os debates, sobretudo na hipótese de o Brics crescer de tamanho, com o ingresso de outras nações, será em torno de uma ideia que já vem sendo tratada por alguns líderes desses países emergentes, destacadamente o Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que diz respeito à adoção de uma moeda comercial comum, que serviria como fundo de reserva. Há uma inquietação muito visível entre líderes de economias nacionais por manter-se o dólar como moeda de troca nas transações de negócios entre os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. 

LIBERDADE E AUTONOMIA  

Daí ganhar força a ideia defendida pessoalmente por Lula, em diversas ocasiões, de que os países do Mercosul e agora também do Brics se unam no sentido de maior fortalecimento e maior liberdade e autonomia nas suas relações comerciais, livrando-se das amarras da dolarização. Sabe-se que esse é um assunto delicado, pois requer bastante sabedoria na sua aplicação, portanto difícil de que seja adotada já imediatamente, mas seguramente este será um tema presente a partir de agora em todas as cúpulas que se realizarem.

A proposta de expansão do Brics já está na pauta dos trabalhos dessa Cúpula da próxima semana, mas por enquanto não existe consenso sobre o tamanho desse crescimento, frente ao anseio de 22 países de entrarem para o grupo. Nota-se, conforme os analistas econômicos têm alertado, que esse número volumoso de nações dispostas a aderir  ao Brics é um sinal revelador da insatisfação que se alojou no espírito de muitos líderes regionais, contrariados com a forma com que as chamadas grandes potências os têm tratado, sobretudo na América do Sul, África e nações asiáticas.

Esse importante mecanismo internacional de cooperação econômica e desenvolvimento, originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, se vier a ter aumentado o número de seus integrantes, com a adesão de países importantes e estratégicos como Arábia Saudita, Irã, Argentina, Emirados Árabes, Argélia, Egito e Indonésia, dentre outros, passará, sem dúvidas, a ter uma importância muito mais expressiva no contexto mundial, e pode ser um real fator de equilíbrio entre os diversos grupos, fazendo conter o avanço dos atuais dominadores. 

MOEDA COMUM

Se, além disso, vier adotar, em futuro próximo, medidas adicionais, como a da moeda comum para transações comerciais e fundo de reserva, ter-se-á o advento de um novo equilíbrio, capaz de fazer nascer um novo padrão de desenvolvimento regional, especialmente focado em interesses comuns, como a geração de energias renováveis, a exploração vantajosa de riquezas minerais, e a preservação do meio ambiente natural, passando a ser exemplo para o resto do planeta. 

O Brics fortalecido e ampliado poderá, portanto, ser um avanço significativo nas relações comerciais, no necessário estabelecimento da paz entre nações e uma esperança muito forte no equilíbrio ecológico, para a recuperação do meio ambiente. Enfim, um alento significativo para conter a insegurança climática que vem inquietando o planeta.

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