Para além das barreiras impostas pelo transtorno, os adultos autistas frequentemente encontram pelo caminho frases e perguntas que, apesar de parecerem serem inofensivas ou bem-intencionadas, revelam o quanto ainda precisamos avançar na compreensão sobre o autismo.
O que é o autismo, afinal?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um caleidoscópio de experiências humanas, marcado por desafios na comunicação, na interação social e por padrões comportamentais que podem incluir interesses muito específicos ou comportamentos repetitivos. É chamado de “espectro” exatamente porque não há um único jeito de ser autista — há uma diversidade que reflete a singularidade de cada pessoa.
As causas? Não há uma resposta única. Fatores genéticos, biológicos e até ambientais estão entre os elementos que contribuem para a manifestação do autismo. E, embora suas características sejam perceptíveis desde a infância, muitos só recebem o diagnóstico na vida adulta, o que evidencia lacunas na identificação e no acolhimento ao longo da vida.
Comentários que pesam mais do que aparentam
Para quem vive no espectro, algumas frases corriqueiras podem soar como pedras no caminho.
“Mas você não parece autista.”
Essa frase parte de um equívoco: acreditar que existe uma “aparência padrão” para ser autista. O espectro é tão amplo que pode incluir pessoas com dificuldades severas de interação social e outras que são sociáveis e espontâneas. A mensagem implícita aqui pode ser invalidante, como se a vivência do autista estivesse sendo colocada em dúvida.
“Você leva tudo ao pé da letra.”
Autistas podem, sim, ter dificuldade em captar ironias, metáforas ou o subtexto das palavras. Isso não é falta de humor ou inteligência; é apenas uma maneira diferente de processar a linguagem.
“Você precisa ser mais flexível.”
Mudanças inesperadas podem ser desafiadoras para autistas, que muitas vezes encontram segurança em rotinas e padrões previsíveis. Pedir flexibilidade sem entender o impacto disso é, no mínimo, insensível.