Apesar da imagem glamorosa que muitos torcedores têm da vida de jogador de futebol, com mordomias e salários milionários, essa realidade é acessível a uma minoria dos atletas. Um estudo da CBF de 2016 revelou que apenas 4% dos cerca de 25.000 jogadores profissionais no Brasil ganham mais de R$ 10.000 mensais. Em contraste, mais de 80% recebem menos de R$ 1.000 por mês.
Além disso, jogadores de clubes menores enfrentam, muitas vezes, a dura rotina de salários atrasados e, em alguns casos, até condições de trabalho análogas à escravidão. Separamos uma lista de seis clubes de futebol no Brasil que já foram denunciados por práticas de trabalho escravo.
1. Portuguesa Santista-SP
Em 2012, a Portuguesa Santista foi denunciada pelo Ministério Público de São Paulo por trabalho escravo e tráfico de pessoas. Após uma inspeção em uma pensão mantida pelo clube, 12 jovens, recrutados no Pará, foram encontrados vivendo em condições precárias, sem alimentação adequada. Apesar de a Justiça ter rejeitado a acusação de trabalho escravo, o clube foi condenado por exploração e trabalho infantil. Na época, a diretoria alegou que o departamento de base era terceirizado e, após cortar laços com o olheiro envolvido, melhorou as condições oferecidas aos atletas.
2. América-SE
Durante uma partida contra o Confiança, pelo Campeonato Sergipano de 2013, dois jogadores do América-SE passaram mal em campo, sendo que um deles chegou a desmaiar de fome. Após o incidente, o Sindicato dos Atletas de Sergipe denunciou o clube por trabalho escravo. Os jogadores estavam há dois meses sem receber salários e enfrentavam escassez de alimentos na concentração.
3. Santa Bárbara-GO
Em 2014, o Ministério Público do Trabalho (MPT) constatou que 29 atletas da base do Santa Bárbara viviam em condições análogas à escravidão. Nenhum dos adolescentes recebia salário e o alojamento era extremamente precário, com apenas um banheiro e sete camas para todos. A maioria dormia amontoada em colchões. O clube foi fechado após a fiscalização.
4. Caiçara-PI
Em 2016, 14 jogadores do Caiçara, de Campo Maior (PI), foram resgatados pelo Sindicato dos Atletas do Piauí. Com salários atrasados há quatro meses, o grupo vivia em um alojamento sem fogão ou geladeira, dependendo de doações de torcedores para se alimentar. O clube perdeu os últimos dois jogos do Campeonato Piauiense por W.O. e foi suspenso pela federação. Dois anos antes, já havia sido denunciado por condições degradantes, quando jogadores relataram a falta de chuveiros no centro de treinamento.
5. Jaguariúna-SP
Na quarta divisão paulista, em 2018, 13 jogadores abandonaram o clube após quatro meses sem receber. Eles denunciaram que as refeições servidas estavam estragadas e os alojamentos eram insalubres. O clube alegou que a responsabilidade era de uma empresa terceirizada, que não se manifestou sobre as acusações.
6. Paraíso-TO
Em 2018, durante o Campeonato Tocantinense, os jogadores do Paraíso-TO entraram em greve devido à falta de pagamento. Ao cobrarem os salários, foram ameaçados pelos dirigentes. "Não somos escravos", declarou o capitão Alan. O clube foi excluído da competição e proibido de participar de torneios oficiais por três anos.