Simone Muratore, meia italiano revelado pela Juventus e com passagens por clubes como Atalanta e Tondela, anunciou neste sábado (14) sua aposentadoria do futebol profissional, após enfrentar um diagnóstico de tumor cerebral há três anos. O tumor, identificado como neurocitoma no ventrículo esquerdo, o forçou a interromper sua carreira de jogador para focar no tratamento e recuperação. A última partida de Muratore foi em 2022, quando estava emprestado ao Tondela, de Portugal, clube onde encerrou sua trajetória no futebol.
Muratore, que conquistou o Campeonato Italiano com a Juventus, fez um emocionante anúncio sobre sua decisão de encerrar a carreira, destacando os desafios enfrentados nos últimos anos. "Hoje (sábado) coloquei um ponto final na minha carreira de jogador, tentei voltar até o fim, coloquei lágrimas e suor, mas não era mais como antes. Percebi que ainda tinha a sorte de estar curado e bem... houve dias em que eu estava lutando até para sair da cama, apesar de me sentir melhor", afirmou.
Tratamento e aprendizado
O diagnóstico de neurocitoma trouxe uma reviravolta na vida de Muratore, que teve de aprender novamente a realizar tarefas cotidianas. "Tive que aprender a falar bem, andar, correr, escrever, ler, contar... era como se eu fosse uma criança de novo, começando tudo de novo, desde o dia 0", revelou o ex-jogador. O tratamento e a recuperação foram desafiadores, mas ele enfatizou que a superação foi possível graças à sua força e à ajuda dos médicos.
Ao olhar para trás, Muratore compartilhou que, apesar das dificuldades, se sente grato por ter conquistado a chance de se curar. "Passei por momentos difíceis, mas agora sei que a luta valeu a pena", disse. Agora, o ex-jogador se dedica à recuperação da saúde e à sua vida pessoal, deixando para trás uma carreira marcada por títulos e conquistas importantes no futebol italiano.
Sua decisão de se afastar do futebol é uma escolha em prol da saúde, mas também um fechamento de ciclo para Muratore, que tem plena consciência de que sua jornada no esporte não poderia continuar nas mesmas condições. Ele afirmou que, embora tivesse esperanças de voltar ao campo, o desejo de estar bem fisicamente e mentalmente se sobrepôs à vontade de retornar aos gramados.
Confira o relato surpreendente do jogador:
3 anos se passaram desde aquele dia, notícias que surgiram do nada e que mudaram a minha vida e a de quem me rodeia.
Neurocitoma do ventrículo esquerdo.
Momentos de pensamentos, de perguntas, de raiva. Nunca derramei uma lágrima, sempre tentei parecer forte aos olhos dos outros, desde o dia em que ouvi a notícia até a noite anterior à cirurgia, no quarto com minha mãe, a mulher mais forte que já conheci, quando comecei a chorar como uma criança, com medo de nunca mais acordar ou, pelo menos, de acordar e não ser mais o mesmo de antes. Foram dias, semanas, meses, anos de sofrimento. Tive que aprender a falar bem, andar, correr, escrever, ler, contar, era como se eu fosse criança de novo e tivesse que começar tudo de novo, desde o dia 0.
Houve dias em que até tive dificuldade para sair da cama, embora já me sentisse melhor. Hoje encerrei minha carreira como jogador, tentei até o fim voltar, coloquei lágrimas e suor, mas não era como antes, percebi que ainda tive a sorte de estar curado e ser bem.
Tive a sorte de jogar com jogadores extraordinários, campeões, dentro de campo, mas sobretudo fora de campo, e ninguém nunca me vai tirar isso. Sou grato por tudo que fiz e conquistei dentro daquele retângulo verde, junto com meus companheiros, que mais tarde se tornaram meus amigos. Foram anos magníficos, o campo, o vestiário, a paixão, são coisas difíceis de explicar se não vivenciarmos em primeira mão. Primeiramente agradeço à minha família por estar sempre ao meu lado. Tommaso, meu filho único e especial que me deu forças para seguir em frente e, finalmente, meus amigos. Agradeço aos clubes Juventus, Atalanta e Tondela por estarem ao meu lado. Você aprende a dar importância às coisas quando está a um passo de perdê-las. A vida é um presente maravilhoso.