Gramados sintéticos no futebol: quais ligas permitem e quais proíbem?

Uso de grama artificial ainda é tema de debate no futebol mundial; Holanda baniu, enquanto Fifa estabelece padrões para certificação

Gramados sintéticos no futebol: quais ligas permitem e quais proíbem? | Reprodução Gramados sintéticos no futebol: quais ligas permitem e quais proíbem? | Foto: Reprodução
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A discussão sobre o uso de gramados naturais, híbridos ou sintéticos não é exclusiva do futebol brasileiro. Em diversos países, o tema levanta questionamentos sobre a qualidade do jogo, a durabilidade do campo e os custos de manutenção. No entanto, entre as principais ligas do mundo, há um consenso: o gramado artificial é amplamente restrito.

Futebol europeu

Na Europa, as cinco grandes ligas, Inglaterra, Espanha, França, Itália e Alemanha, adotam exclusivamente gramados naturais ou híbridos. Em alguns casos, como na Itália, não há uma proibição formal, mas nenhum clube da Série A Italiana opta pelo gramado sintético.

A Espanha, por sua vez, determinou que, a partir de 2031, não poderão ser instalados novos campos com partículas de enchimento consideradas microplásticos, restringindo ainda mais a presença de gramados artificiais. Já a Holanda decidiu vetar totalmente o uso desse tipo de superfície a partir da temporada 2025/2026. Desde 2018, o país oferece incentivos financeiros para que os clubes mantenham gramados naturais, o que levou equipes como o Heracles a abandonar o sintético.

Regulamentação da Fifa

A Fifa permite três tipos de gramados para partidas oficiais:

  • Natural
  • Híbrido (com reforço sintético)
  • Sintético (artificial)

Para o uso de grama sintética em competições oficiais, os clubes precisam atender aos padrões do programa de qualidade da Fifa. Os estádios recebem certificações conforme o nível de exigência:

  • Fifa Quality Pro: para uso profissional (até 20h de jogo por semana)
  • Fifa Quality: para futebol recreativo e comunitário (40-60h de uso semanal)
  • Fifa Basic: padrão mínimo para segurança e acessibilidade

Apesar da permissão, a Fifa impõe restrições: todas as partidas da Copa do Mundo de clubes de  2025, 2026 e 2027, serão disputadas exclusivamente em gramados naturais. Além disso, a final da Champions League só pode ocorrer em grama natural, com exceção de 2008, quando Manchester United e Chelsea decidiram o título no Estádio Luzhniki, na Rússia, que tinha grama sintética.

O caso do Brasil

No Brasil, quatro estádios de clubes das Séries A e B utilizam gramado sintético:

  • Allianz Parque (Palmeiras)
  • Ligga Arena (Athletico-PR)
  • Nilton Santos (Botafogo)
  • MRV Arena (Atlético-MG)

Esses clubes garantem que seus gramados seguem os padrões da Fifa e defendem a escolha devido à melhor conservação e menor custo de manutenção. Já o Corinthians adota um modelo híbrido na Neo Química Arena, combinando 96% de grama natural com 4% de fibras sintéticas para maior estabilidade.

Gramados sintéticos no futebol mundial

Premier League (Inglaterra): apenas grama natural ou híbrida; gramado sintético é permitido a partir da 5ª divisão.

  • Série A (Itália): sem restrição formal, mas apenas um clube da Série B (Cesena) utiliza sintético.
  • Bundesliga (Alemanha): apenas grama natural ou híbrida.
  • LaLiga (Espanha): sem proibição, mas incentiva o uso de natural ou híbrido.
  • Ligue 1 (França): apenas natural ou híbrido.
  • Champions League: permite grama sintética, mas a final deve ser em gramado natural.
  • Argentina: sem proibição, mas todos os clubes da elite utilizam grama natural ou híbrida.
  • Holanda: proibido a partir de 2025/26.

Impacto na qualidade do jogo

Em ligas onde o gramado sintético é permitido, as críticas não são incomuns. Em 2023, o técnico Pep Guardiola, do Manchester City, lamentou ter que jogar contra o Young Boys, da Suíça, na Champions League, em um gramado artificial.

“A grama natural é melhor porque 99,9% dos times de alto nível jogam em grama natural. Caso contrário, a Uefa e a Fifa decidiriam jogar em sintético. É senso comum”, afirmou Guardiola.

O tema ainda gera debates entre clubes, federações e jogadores. Para alguns, a grama artificial reduz custos e melhora a conservação do campo; para outros, compromete a qualidade do jogo e aumenta o risco de lesões. Com mudanças como a da Holanda e restrições cada vez mais rígidas, a tendência parece apontar para um futuro onde os gramados naturais continuarão sendo a principal escolha no futebol de alto nível.

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