O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), sediado em São José dos Campos (SP), divulgou dados que apontam um recorde de ocorrências de desastres hidrológicos e geohidrológicos no Brasil em 2023. Ao longo do ano, foram registrados 1.161 eventos de desastres, sendo 716 (61,7%) de natureza hidrológica, como transbordamento de rios, e 445 (38,3%) de natureza geológica, como deslizamentos de terra. Em média, o país enfrentou pelo menos três desastres diários.
Pela primeira vez, o Brasil encerrou um ano com mais de 1.000 ocorrências de desastres naturais. Manaus (AM) lidera o ranking das cidades mais afetadas, com 23 ocorrências, seguida por São Paulo (SP) com 22, e Petrópolis (RJ) com 18. O Cemaden monitora continuamente 1.038 municípios e emitiu um total de 3.425 alertas de desastres em todo o país durante o ano, com média de pelo menos nove alertas diários. Desse total, 1.813 foram alertas hidrológicos (52,9%) e 1.612 alertas geohidrológicos (47,1%).
Petrópolis, no Rio de Janeiro, liderou o número de alertas de desastres, com 61 em 2023, seguida por São Paulo, com 56. O Cemaden sugere que as mudanças climáticas, como a transição do fenômeno La Niña para o El Niño, contribuíram para o recorde de desastres naturais no país.
Os impactos desses eventos incluíram 132 mortes associadas às chuvas, 9.263 pessoas feridas ou doentes, 74 mil pessoas desabrigadas e 524 mil desalojadas. Os prejuízos econômicos causados pelos desastres totalizaram cerca de R$ 25 bilhões, entre áreas públicas e privadas. Destaca-se a tragédia no litoral de São Paulo, em São Sebastião, que resultou em 64 mortes em fevereiro, sendo o maior temporal registrado em 24 horas na história do país, segundo dados do Cemaden e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).