As conversações entre Mercosul e União Europeia estavam em estágio avançado, porém, neste sábado (2), o presidente francês, Emmanuel Macron, um dos principais líderes europeus, manifestou sua oposição ao acordo de livre comércio entre os blocos. O governo brasileiro esperava finalizar o acordo na próxima semana, antes da posse do novo presidente argentino, Javier Milei, crítico do Mercosul, agendada para 10 de dezembro.
A declaração de Macron surgiu após uma reunião bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Dubai, onde os líderes participam da COP 28, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas. Durante uma interação com a imprensa, Macron classificou o acordo de livre comércio como desatualizado e "mal remendado". As negociações, iniciadas em 1999 e envolvendo 31 países, buscam isentar ou reduzir as taxas de importação para bens e serviços produzidos pelos dois blocos.
O presidente francês argumentou que a versão atual do acordo entra em contradição com as políticas e ambições ambientais do Brasil. Ele afirmou que o acordo é prejudicial para todos, pois não seria justo exigir que agricultores e indústrias francesas reduzam as emissões de carbono enquanto as tarifas são eliminadas para importar produtos que não seguem as mesmas normas.
Essas declarações surgem em um momento em que o Brasil busca se posicionar como líder na agenda ambiental global. Em resposta, o presidente Lula destacou o direito de Macron expressar sua opinião e mencionou o histórico protecionista da França, ressaltando que a posição de Macron não representa a posição unificada da União Europeia.
O Brasil detém a presidência do Mercosul até o final de dezembro, e cada país membro, exceto a Venezuela, assume a liderança do bloco por seis meses.
Não é a primeira vez que a França cria obstáculos nas negociações, com questões ambientais surgindo anteriormente. Em 2019, Macron acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro de mentir sobre os compromissos do Brasil com o Acordo de Paris e expressou a oposição da França ao acordo. Em janeiro de 2022, Macron criticou o Mercosul, especialmente o Brasil, por não cumprir o Acordo de Paris em um discurso no Parlamento Europeu.
Não é a primeira vez que a França cria obstáculos nas negociações, com questões ambientais surgindo anteriormente. a determinação da União Europeia em concretizar o acordo.