A Embaixada do Brasil na Ucrânia recomendou em comunicado, neste sábado (19), que os brasileiros que estão no país redobrem a atenção e evitem as províncias ucranianas de Donetsk e Luhansk, regiões dominadas por rebeldes pró-Rússia. O comunicado ocorre dias depois de uma visita oficial do presidente Jair Bolsonaro à Rússia.
"Aconselha-se aos cidadãos que já estejam nessas regiões que considerem deixá-las sem demora. Os cidadãos brasileiros na Ucrânia devem ainda estar atentos à possibilidade de novos cancelamentos ou adiamento de voos internacionais na próxima semana", disse o comunicado.
A embaixada informou ainda que a empresa aérea Lufthansa anunciou nesta tarde que irá suspender temporariamente seus voos de Kiev e Odessa, a partir de segunda-feira (21) até o final do mês.
Até a semana passada, a Embaixada afirmava que não havia "recomendação de segurança contrária à permanência na Ucrânia". E pedia apenas que os brasileiros se mantivessem em "alerta" e "atualizados".
Donetsk e Luhansk
As autoproclamadas repúblicas Donetsk e Luhansk são dois enclaves separatistas que ficam no Leste da Ucrânia, com forte influência eslava.
Em 2014, logo após a anexação da Crimeia pela Rússia, os rebeldes separatistas, apoiados por Vladimir Putin, protagonizaram um conflito armado com as forças do governo ucraniano que deixou mais de 14 mil mortos.
Na sexta-feira (18), as duas províncias anunciaram a retirada de centenas de milhares de pessoas para a Rússia – com mulheres, crianças e idosos indo primeiro – após acusarem o governo da Ucrânia de preparar uma invasão, depois que os confrontos aumentaram.
"Uma partida maciça e centralizada da população para a Federação Russa foi organizada, antes de tudo, mulheres, crianças e idosos devem ser evacuados", declarou Denis Pushilin, um dos líderes dos rebeldes, em um vídeo em sua conta no Telegram.
"O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, muito em breve dará ordem para partir para a ofensiva e lançará um plano para invadir as Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk", disse ele, referindo-se aos dois territórios separatistas.
Por outro lado, o ministro ucraniano da Defesa foi ao Parlamento do país no mesmo dia para afirmar que o governo não tem a intenção de executar ofensivas contra os territórios separatistas do leste do país ou da península anexada da Crimeia.
"Reforçamos nossa defesa, mas não temos a intenção de executar nenhuma ofensiva contra estes territórios", disse o ministro Oleksiy Reznikov, no Parlamento.
Os Estados Unidos e o Reino Unido acusam a Rússia de querer incitar a violência nesses territórios controlados por separatistas pró-Rússia para encontrar uma razão para invadir a Ucrânia.
A Rússia, por sua vez, nega qualquer plano de invadir a Ucrânia, apesar de reunir mais de 100 mil soldados perto da fronteira.