O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu na quinta-feira (10) aos cidadãos americanos que estão na Ucrânia para que saiam do país devido à ameaça de uma invasão russa. Japão, Coreia do Sul e Holanda também pedem para seus cidadãos saírem. As informações são do g1.
"Os cidadãos americanos deveriam sair agora. As coisas podem acelerar rapidamente", declarou Biden durante uma entrevista para a NBC News. Ele citou o número de soldados que a Rússia deslocou para a região da fronteira com a Ucrânia: 100 mil.
Biden descartou novamente a ideia de enviar soldados à Ucrânia, nem mesmo para ajudar a retirar os cidadãos americanos em caso de invasão. Isso seria "uma guerra mundial. Quando os americanos e os russos começam a atirar uns nos outros, entramos num mundo muito diferente", afirmou Biden.
O Ministério de Relações Exteriores do Japão publicou nesta sexta uma nota em que pede para seus cidadãos deixarem a Ucrânia imediatamente. Há cerca de 150 japoneses no país, segundo o ministério. A Holanda e a Coreia do Sul também fizeram o mesmo pedido aos seus cidadãos.
A recomendação mais recente do governo brasileiro, de 31 de janeiro, diz que "não há, no momento, nenhuma recomendação de segurança da embaixada brasileira contrária a visitas ou à permanência na Ucrânia".
O g1 perguntou ao Itamaraty e à Embaixada Brasileira em Kiev se houve alguma mudança na recomendação por conta das recentes movimentações, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.
Nesta sexta-feira, Antony Blinken, o chefe da diplomacia americana, disse que a Rússia continua enviando tropas para sua fronteira com a Ucrânia e afirmou que a invasão pode começar "a qualquer momento", inclusive durante os Jogos Olímpicos de Inverno que acontecem na China.
"A invasão pode acontecer a qualquer momento e, sejamos claros, pode ocorrer inclusive durante os Jogos Olímpicos", afirmou, referindo-se a hipóteses lançadas sobre o desejo da Rússia de esperar que o evento esportivo termine para não ofuscar seu aliado, a China.
'Nada de novo', diz ministro da Ucrânia
As autoridades ucranianas deram declarações para minimizar a fala do presidente dos EUA. "Não há nada de novo nesta declaração", disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba.
Dias atrás, o governo ucraniano já considerava exagerada a decisão de Washington de evacuar seu pessoal diplomático. "Conhecemos a posição dos Estados Unidos, que já fez esse tipo de declaração antes", disse Kuleba a repórteres.
"Eles já começaram a evacuar parte de seus funcionários da embaixada e familiares. Esta declaração não mostra nenhuma mudança radical na situação", acrescentou.
Exercícios militares na Belarus
A entrevista com Biden foi ao ar após o início de importantes manobras conjuntas entre os exércitos russo e belarrusso às portas da Ucrânia, diminuindo as esperanças de uma desescalada após semanas de intensos esforços diplomáticos na Europa.
Estes exercícios, concentrados principalmente na região da Belarus de Brest, fronteiriça com a Ucrânia, envolvem o envio de mísseis e armamento pesado e, segundo os Estados Unidos, de 30 mil soldados russos adicionais.
A Otan garantiu que o envio de mísseis, armamento pesado e soldados armados a esse país situado ao norte da Ucrânia era "um momento perigoso para a segurança da Europa", que vive os momentos de maior tensão desde a Guerra Fria.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou Moscou de exercer uma "pressão psicológica" sobre a ex-república soviética, agora inclinada para o Ocidente.
Manobras defensivas, segundo Moscou
Os líderes europeus estavam envolvidos nas últimas semanas em um frenesi diplomático para tentar diminuir as tensões, incluindo visitas a Moscou do presidente da França, Emmanuel Macron, e futuramente do chanceler alemão, Olaf Scholz.
O mandatário alemão se reuniu com líderes dos países bálticos nesta quinta-feira e alertou a Rússia para "não subestimar a união e a determinação como membro da União Europeia e aliando da Otan".
O chefe do Estado-Maior dos EUA, general Mark Milley, disse que queria evitar "incidentes desagradáveis" no início das manobras militares, e conversou por telefone com o colega bielorrusso, general Victor Goulevitch.
O ministro da Defesa russo insistiu que os exercícios focariam em "suprimir e repelir agressões externas" e o Kremlin prometeu que as tropas serão repatriadas ao fim das manobras, previstas até 20 de fevereiro.
A Rússia também enviou seis navios de guerra através do Bósforo para a realização de exercícios navais no mar Negro e no mar de Azov.
Diante da indignação europeia, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, classificou de "incompreensível" a preocupação com os exercícios militares e alertou que "ultimatos e ameaças não levam a lugar algum".
Lavrov recebeu em Moscou a homóloga britânica, Liz Truss, que pediu a retirada das tropas russas da fronteira com a Ucrânia. A ofensiva diplomática de Londres foi completada pela visita do primeiro-ministro Boris Johnson à Otan e Polônia.
Otan: há risco de conflito armado
O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, voltou a dizer, nesta sexta-feira (11) que há um "risco real de um novo conflito armado" na Europa, durante uma visita a uma base militar da Aliança, situada na Romênia.
"O número de soldados russos aumenta, enquanto os prazos de advertência diminuem", afirmou Stoltenberg. Ele deu a declaração enquanto visitava uma base militar no sudeste da Romênia, perto do mar Negro.
Há semanas a Otan acusa o governo da Rússia de preparar uma agressão militar contra a Ucrânia.
Mil militares americanos devem chegar à Romênia esta semana.