O presidente da Rússia, Vladimir Putin, decretou, nesta quarta-feira (21), a primeira mobilização do país desde a Segunda Guerra Mundial. De acordo com o chefe de Estado, o Ocidente quer “destruir e dividir” a nação russa e, por isso, a medida será tomada.
A intenção é convocar 300 mil cidadãos para a guerra contra a Ucrânia. Em pronunciamento, o líder russo falou que pode usar armas nucleares caso a soberania do país seja ameaçada. “Isso não é um blefe.”
“O objetivo do Ocidente é enfraquecer, dividir e destruir nosso país. Eles dizem que em 1991 foram capazes de dividir a URSS, e agora chegou a hora da própria Federação Russa, que deveria se dividir em muitas regiões em guerra”, assinalou.
Putin alertou que Moscou vai se defender com todo o seu vasto arsenal. “Não temos o direito moral de entregar pessoas próximas a nós para serem despedaçadas pelo carrasco. Não podemos deixar de responder ao desejo deles de determinar seu próprio futuro”, disse.
MOTIVAÇÃO
A medida ocorre um dia após quatro regiões controladas por Moscou anunciarem que farão referendos para fazer parte da Rússia. As duas regiões separatistas pretendem conduzir as votações ainda nesta semana, em um ato que busca impedir as investidas ucranianas para retomar essas áreas.
Em caso de investida ucraniana contra essas áreas, Putin entenderia como ataque à nação russa, o que poderia provocar retaliações, inclusive com armas nucleares. O mandatário disse que seu objetivo é “libertar” a região do Donbass, no leste da Ucrânia. E afirmou que a maioria das pessoas que vivem em regiões sob controle russo não quer mais ser governada por Kiev.
MOBILIZAÇÃO PARCIAL
De acordo com o líder russo, só serão convocados para o serviço militar os cidadãos que se encontrem na reserva e, sobretudo, os que serviram nas Forças Armadas, que possuam determinadas especialidades militares e experiência relevante.
O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, diz que o decreto prevê a convocação de 300 mil cidadãos. O presidente russo afirmou que as instruções sobre a mobilização já foram dadas ao Ministério da Defesa e, no menor tempo possível, serão colocadas em prática. A previsão é de que a movimentação comece nesta quarta.
VOOS PARA SAIR DA RÚSSIA
Os voos para sair da Rússia dispararam, tanto em preço quanto em vendas, rapidamente nesta quarta-feira (21), depois que o presidente Vladimir Putin ordenou a convocação imediata de 300 mil reservistas.
O anúncio de Putin, feito em um discurso na televisão no início da manhã, no horário local, levantou temores de que alguns homens em idade de lutar não seriam autorizados a deixar o país.
Enquanto isso, os dados do Google Trends mostraram um aumento nas buscas pelo Aviasales, o site de reservas de voos mais popular da Rússia. O chefe da agência de turismo da Rússia disse que nenhuma restrição foi imposta a viagens ao exterior até agora.
A Aeroflot, companhia aérea de bandeira do país, disse que não está limitando a venda de passagens.