O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, criticou nesta quarta-feira (23) a decisão do presidente russo Vladimir Putin de reconhecer duas regiões separatistas do país.
"Putin negou o direito da Ucrânia de existir", disse Kuleba na Assembleia Geral da ONU.
O chanceler ucraniano também pediu ajuda de outros países e afirmou que as ações da Rússia "foram muito além da segurança".
Na segunda-feira (21), o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu, em decreto, a independência das províncias separatistas de Donetsk e Luhansk, no leste ucraniano.
A região também poderá receber soldados russos para operações de "manutenção de paz", segundo a decisão do Kremlin.
'Fim da ordem mundial'
Kuleb afirmou, durante a Assembleia Geral, que a Ucrânia não é uma ameaça para a Rússia, como alega o governo Putin.
"A Ucrânia nunca planejou nem está planejando nenhuma operação militar em Donbass", disse ele.
Kuleba pediu à ONU que tome "medidas concretas e rápidas" para impedir a escalada, que ele diz ser alimentada pelo avanço militar das tropas russas.
"O início de uma guerra em grande escala na Ucrânia será o fim da ordem mundial como a conhecemos", afirmou Kuleba.
'Violações da soberania', diz ONU
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse nesta quarta-feira (23) na abertura da Assembleia Geral da organização que o mundo enfrenta um momento de perigo com a crise na Ucrânia.
Para Guterres, "a decisão da Rússia de reconhecer a chamada 'independência' das regiões de Donetsk e Lugansk e as ações subsequentes são violações da integridade territorial e soberania da Ucrânia e são incompatíveis com os princípios da Carta da ONU".
Ele disse ainda que a ONU defende os princípios no contexto da ajuda humanitária e que vai prestar assistência ao povo da Ucrânia.
ONU faz nova reunião sobre a crise na Ucrânia
A reunião da Assembleia Geral com a participação de todos os 193 membros da ONU é uma sessão anual para discutir os "territórios temporariamente ocupados da Ucrânia", realizada desde a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014.
Vários ministros estão programados para falar na reunião desta quarta-feira, que durará o dia todo.
Guterres, que originalmente não estava programado para comparecer, decidiu fazê-lo depois de voltar correndo para Nova York e cancelar uma viagem à África.