Um ano depois do assassinato de quatro pessoas da família Vidal por Lázaro Barbosa de Sousa, em Ceilândia, no entorno do Distrito Federal, parentes voltaram a ser ameaçados. A intimidação foi feita em abril, por WhatsApp: "Cuidado o novo Lázaro Barbosa pode volta (sic)". "Vc vai morrer também. Como a família Vidal foi. Se prepara. Estou indo aí".
Apontado como serial killer, Lázaro Barbosa de Sousa foi morto por policiais depois de ter sido perseguido por 20 dias, numa fuga que repercutiu em todo o país pelo crime bárbaro e pelo aparato montado na perseguição.
A nova ameaça aterrorizou a família. Até a morte a facadas do empresário Cláudio Vidal, de 48 anos, dos filhos dele, Gustavo Vidal, de 21 anos, e Carlos Eduardo Vidal, de 15, e da mulher dele, Cleonice Marques de Andrade, de 43 anos, cujo corpo foi encontrado dias depois, pelo menos 20 pessoas da família viviam na área onde ocorreu o crime.
Embora a fazenda tenha se formado numa área rural, ela foi alcançada pela parte urbana da cidade. Parte da família segue tirando seu sustento da venda de plantas e mudas de árvores frutíferas e não quer se desfazer da propriedade. Alguns aceitam vendê-la. Antes da morte de Cláudio Vidal, quatro das 13 cotas familiares haviam sido negociadas, mas o negócio emperrou depois do crime bárbaro.
"Não sabemos o que motivou a morte de Cláudio e toda a sua família. O Lázaro foi morto e também o homem que deu guarida a ele, ajudando a escondê-lo durante a fuga, que acabou morrendo de infarto. A polícia diz que tem uma linha de investigação, mas não sabemos qual é", afirma Alexandre Vidal, um dos sobrinhos de Cláudio Vidal.
O boletim de ocorrência sobre as novas ameaças, que começaram em 12 de abril passado, foi registrado no dia seguinte. Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal e o Ministério Público de Ceilândia, também neste caso as investigações estão sob sigilo. "A gente entende o sigilo. Esperamos que uma hora a investigação termine", diz Alexandre.
Na última terça-feira, o advogado da família Vidal, Fábio Alves, acompanhou parentes de Cláudio Vidal numa reunião no Ministério Público e com o delegado responsável pela investigação.
Segundo Alexandre, não foi disponibilizado qualquer esquema de proteção, nem mesmo ao integrante do núcleo que foi diretamente ameaçado. "Eles deram o telefone do plantão, para que a gente procure caso precise de alguma coisa", disse.
Alexandre afirma que todos da família seguem abalados psicologicamente, o que piorou com a nova ameaça.